FRANCIS ALBERT SINATRA
Elaine Brunialti
 
 

Hoje acordei de banzo, estranhando o termo?

Banzo é nostalgia, nostalgia mortal, que fere a alma tão profundamente que parece que vamos morrer e às vezes isso acaba por acontecer.

Mas o meu banzo é mais ameno, chega a ser suave, melancólico talvez, ainda que cause dor, mas o amor é assim, dor de amor é assim, banzo de amor também.

Difícil falar do amor que sentimos por alguém que já se foi e que sequer soube que um dia você existiu.

Sim, de quem já se foi, você leu direitinho.

Sabe existem pessoas que não morrem na vida da gente e ele é uma delas, assim como o Senna, o Lennon, a Jackie, o Gardel e outros tantos, dependendo do gosto de cada um.

Hoje acordei tarde perdi a hora e ao ligar o rádio, incrível o rádio estava fora da estação usual, então acordei ao som das músicas as quais ele tão maravilhosamente deu vida, "Let me try again, You're de sunshine of my life, I´ve got you under my skin", e ficaria ali deitada ouvindo suas músicas por horas, não fosse a programação da rádio ter outras coisas para falar, outras músicas para tocar.

Vou te falar do meu banzo, quem sabe assim eu consiga fazer parar estas gotinhas salgadas que meus olhos teimam em produzir.

Ele me encanta, é assim desde os meus 14 anos, eu queria ser a Mia Farrow, uau, que na minha modesta opinião o encontrou na melhor fase, madurão, uau de novo.

Eu estive lá no Maracanã, ouvi o seu canto sessentão, falaram tanta bobagem, que ele não cantava mais, que iria ser play-back, e foi tão lindo, estupendo, a voz mais encantadora que já ouvi, não vi muito não, estava longe naquele estádio imenso, aquele pontinho no centro do campo era o meu maior ídolo, mas naquele instante ele era meu somente meu, para os meus ouvidos e sentimentos, para o meu coração que batia tão forte, querendo sair pela boca correr lá entrar dentro do coração dele e ficar eternizado em alguma canção.

Naquele dia todas as canções cantadas foram para mim, isso é o que há de mais especial nele, cantar como se cantasse individualmente para quem o escuta.

Uma amiga me mandou um e-mail dia desses com um trecho de uma música, uma foto, abro sempre, escuto, olho e amo, amo e amo.

Hoje ao acordar com as musicas dele fiquei pensando que algumas pessoas deveriam ser eternas, não deveriam partir jamais. Na verdade acho que não partem se ficam morando assim na alma da gente, emocionando, encantando, vivendo dentro de nossos corações.

Agora coloquei um cd, ouço minha favorita "Fly me to the moon", ah agora toca "Old man river", não sei se o título é esse mas que importa?

E assim, nesse meu banzo nostálgico resolvi viver este dia, não vou trabalhar, não atenderei telefones, ficarei em casa eu e ele, ele e eu, porque tudo isso? Talvez por que já há uns trinta e poucos anos ele viva em meu coração, acho que é amor, ainda que tenha sido platônico, porém tenho certeza que na próxima vez que passarmos por aqui, a história será outra,"... because night and day you are the one, only you beneath the moon or under the sun whether near to me or far, it`s no matter darling were you are I think of you day and night...."