Os
anos se vão como as águas
Revoltas de rios apressados
Assaltando-me a distração
Com esta indomável quimera.
Naufragam-me as esperanças
Em bravias corredeiras,
Roubando-me os sonhos
E despertando a dor
De um amor perdido.
Quisera
eu a cada manhã
Despertar-me revendo-te,
Confortando-me a perda
Que me corroem os dias
Com o vazio da distância,
Com a incerteza do reencontro.
Quisera
eu um coração acelerado
Pela certeza de seu amor,
Apagando a imensidão deste tempo
Feito um longínquo deserto.
Resta-me
navegar perdido,
Procurar-te em cada porto
Acreditando que se revele
A verdade de uma vida eterna.
Onde possamos, sem pressa,
Sentar novamente na calçada,
E à luz branda d'um luar
Recomeçar o que nos escapou.
Ficaríamos
assim na eternidade
Zombando de nossos desencontros,
Confessando nossas juras não ditas,
Gozando nossos beijos não dados,
Cegados pelo brilho de nossos olhares
Perdidos em nossos distantes horizontes,
Outrora.
Quisera
eu abraçar-te longamente,
Sentindo nossos corações inocentes
Pulsando no ritmo lento
D'um novo tempo tranqüilo.
Quisera eu, ao menos saber de ti.
Quisera eu...
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