LONGE
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Victor
Loureiro
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Quando o marido chegou, ela já estava deitada. O abajur continuava aceso sem necessidade, mas foi útil enquanto ele começava a tirar a roupa surrada do dia para se deitar. - Você me ama? - ela perguntou. Ele desabotoou o cinto e deixou-o cair por cima dos sapatos. - Claro que te amo. - Quando a gente namorava, você sempre dizia que faria tudo por mim... A voz dela era de quem se sentia abandonada, mas ele sabia que não dava nenhum motivo para isso, então nem percebeu. - Que andaria qualquer distância... Que iria até a lua, se fosse preciso. Sentou-se na cama, os olhos fixos na parede que exibia a sombra fraca da mulher, enquanto tateava ao redor em busca do calção e da camiseta velha que usava para dormir. - Eu faria. - Quando a gente namorava, não é? Agora, depois de mais de quinze anos de casamento, nem pensar... Prevendo a catástrofe que viria a seguir, ele interrompeu a mão que já puxava os lençóis para si e respondeu: - Faria antes e faria agora. Andaria mil milhas, andaria de costas, debaixo de sol. Você sabe que eu faria qualquer coisa por você. Ela deu um salto na cama, quase fazendo o marido se atirar ao chão por causa do susto. - Ótimo. Porque a Juliana ligou há uns dez minutos pedindo que alguém fosse buscá-la na casa da Amanda, lá do outro lado da cidade. Brigada, amor. Deitou-se outra vez, apagou o abajur e ainda sussurrou: - Não demora tá? |