TRANSCENDER
Elaine Brunialti
 
 

Vejo-me agora como um ponto no universo, sem lugar definido, isto é nem longitude nem latitude fazem parte de mim.

Não existo para nenhum lugar e nenhum lugar existe mais. Sou um átomo perdido, parado, trancado num quadrante do espaço imaginário onde sou o centro e tudo se passa ao meu redor. As pessoas, os lugares, as situações, os sentimentos, tudo é imaginação e realidade, verdade e mentira, reto e oblíquo.

O foco de tudo se prende no espaço ínfimo da realidade onde minha consciência vive.

Algo como Matrix, se me é permitido exemplificar.

Assim, creio que tudo transcorre ao mesmo tempo, passado, presente, futuro amalgamados em um intervalo, um século contido em um segundo que se tornara a fração de tempo suficiente para se viver ou morrer, e astronômica distância entre a sanidade e a loucura deixa de existir.

Posso estar na Terra ou em Vênus, Andrômeda ou navegando pela Via Láctea.

Posso ser qualquer ser, estando viva, mesmo que para alguns a morte tenha me levado. Posso voar, cingir os céus com meus temores e clareá-lo com minhas ilusões.

Sigo pelo espaço na nave de minha alma que vislumbra no horizonte do paraíso a distância enorme que existe estar viva e não crer que leva ao inferno e estar morta e querer viver que leva aos céus.

Mas enfim, transcender é o que me resta, afinal a luz sempre vencerá as trevas.