SOMBRAS
Ubirajara Varela

Estou pensando em montar um novo negócio para vencer esta insegurança advinda de uma até agora permanente instabilidade financeira. Mas está difícil, porque não tenho capital inicial. Também não me decidi entre as opções que tenho em mãos, pois todas necessitam de muita atenção, e medir os possíveis passos é imperativo. Não posso errar o tiro, tendo tão poucas balas na agulha (ou nenhuma!).

Confesso que, por causa desta situação louca por que passo hoje, já até pensei em pedir ao capiroto uma ajudazinha. Sei lá. Dizem que ele faz de tudo, faz acontecer tudo, e uma temporada no inferno não pode ser tão ruim. Afinal, não foi tão horrível para Rimbaud, não o será para mim, um escritor desconhecido. Mas abdiquei deste pensamento. Minha formação cristã não permitiria. O que minha avó diria? Tadinha. Que Deus a tenha em bom lugar. Um lugar bem melhor do que este que estou vivenciando. Ufa, está difícil. Deus me abençoe.

Como diz minha namorada, nós, o casal BLIRA, temos tudo, menos uma coisa que tem sido fundamental: o vil metal, o cobre, o faz-me-rir, o enche-o-bolso, o acoci formoso. E a falta dos réis tem me inspirado um mundo de insegurança total. Para me manter firme e não cair num profundo poço de ansiedade e vertiginosa preocupação com o pós-agora, só mesmo as palavras de Osho: Viver o dia de hoje. No momento presente, no aqui-e-agora, neste exato instante, não há problemas, tudo está ótimo, em assombrosa ordem, como deveria estar. E ele tem razão.

Vou tomar um chá verde para refrescar as idéias. Dizem que é bom pra saúde. Esta onda oriental que parece ter tomado conta de várias mentes, inclusive desta que vos fala, trouxe muitos benefícios à nossa tão frágil saúde e também à nossa ainda mais frágil pessoa. O problema é que o chá verde é amargo como tudo o que faz bem ao organismo. Meu paladar se afeiçoa mais aos doces e prazerosos sabores. E estes, dizem que matam!