os
pães líricos
recheados de vermes
o cotidiano repleto de umbigos
o tempero das vaidades
abro
os jornais locais
pra quê?
rangem as páginas retintas
do descalabro social
da vaidade sem sentido
sem ter tido sequer
vergonha sibilante
peço
outro cardápio
o garçom mendigo
monta a mula muda
aponta a ponta
fenda na porta
sem fechadura
serve-me
restos
mortas carnes disfarçadas
o perfume Chanel 5
doce engano sobremesa
sobre a mesa
o papelão é o troco
a gorjeta é a sarjeta
o final é sem terra
pó repleto de vermes
pra rechear o pão
o lirismo é o terço
no quarto o pecado
nos quintos o povo
ardendo em febre
o inferno de Dante
dantes não tivesse vindo
afinal:
como ou não como?
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