CRÔNICA NÚMERO 21
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Osvaldo Pastorelli
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O
repensar é mais pesado do que carregar pedras em dia de chuva
é meio insegurança que aflige sem afligir.
É um mal quase necessário. Deve ser feito como se fosse a primeira vez quando se pensa na habilidade do pensamento versátil de ter o sentir. É como um estudo descontraído para se ter condição de construir a parede do sentir. Tem que ser um procedimento amorfo ao ato dolorido de ser, um ato sem censura, tendo o crivo do alicerce pessoal como objetivo. Não sou levado ao choro, pois as lágrimas secaram nos alongados dias mecânicos. Não preciso chegar à conclusão nenhuma, sei qual será a que me fará agir simplesmente por conhecê-la antecipadamente. Se grito por um tudo habitado no nada, é porque há um sentir mudo do presente agonizante. Não existe salvação para quem procura a si mesmo no furtado dos momentos falhos. Nem nos atos covardes há possibilidades almejadas. Trafego entre o limiar da covardia e o limiar da baixaria prazerosa como prova da minha existência. "Sou do mesmo tempo que o tempo" e, no entanto ele não me diz o tempo que me falta. (crônica
inspirada no poema "Urubus", da poeta Isabel Machado, postada
na Terça, dia 24 de agosto de 1999, às 00:40).
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