INSEGURANÇAS, PRUDÊNCIAS E INDECISÕES
Gisa Elle
 
 

Nunca discerni ao certo se minha vida foi e ainda é alicerçada em inseguranças ou em prudências.

Todas as decisões sempre me fizeram tremer e gelar por dentro, como se fosse algo que iria me ocasionar desafeto e desconforto.

Muitas vezes deixei de alegrar meu dia com a espontaneidade do momento, acho que isso é prudência, ou será que é insegurança mediante o desconhecido? Sinceramente não consigo entender isso!

Sempre fui muito comedida, pensando nas eternas conseqüências, que poderiam nem acontecer, sempre planejando tudo e com uma pitada bem picante de pessimismo, nunca deixei de prever o pior.

Quem me conheceu aos dez anos, já me via com quinze, quem me conheceu aos quinze, me indagava como se eu tivesse dezoito, e muitas foram as críticas, ainda hoje são, porém as de hoje apunhalam as feridas abertas de ontem.

De que adianta ser taxada de inteligente, intelectual, se ao mesmo tempo sou tida como autoritária e centralizadora, sinceramente preferia ser identificada como menina alegre, livre e simples. Minha dureza, legado do amadurecimento precoce, me deixa "cinza", sendo que queria ser "multicolorida".

Mas agora não devo sonhar, se assim for fujo do tema.

A insegurança, vou tratar assim o que me persegue, sempre foi muito presente até em meus estudos, quando terminei o ginásio não queria mudar de escola pelos amigos, mas também por eles prestei vestibulinho na Fundação Bradesco, sendo a única a passar, resolvi não mudar de escola, não fosse minha mãe ... E a faculdade então! Por tanta indecisão acabei fazendo Ciências Contábeis, hoje sei que deveria ter feito Artes Plásticas ou Filosofia e por que não Letras?

No trabalho, resumidamente, se não tivesse engolido a prudência não teria conhecido o amor da minha vida. Ops! Só pra esclarecer não teria conhecido meu namorado. Mas ainda hoje passo por muitos frios na barriga no campo profissional, principalmente agora que estou tentando mudar de emprego, cada entrevista é um novo momento de indecisão e insegurança.

Acredito que sempre fui e me viram como a mulher dos "porquês" e dos "mas e se?", posso apenas dizer que não é agradável, porém é mais forte que eu... Se querem saber, desisto de tentar entender esse negócio de insegurança, prudência e indecisão, no final das contas tudo não passa de ingredientes da mesma sopa.