Insegurança é o que ela sentia sempre que o via, ficava sem saber o que dizer, com as pernas bambas, tremendo... Eram amigos já há algum tempo e isso para ela era a questão mais complicada. Tinha medo de expor seus sentimentos e a amizade entre eles sofrer um abalo, pois por mais que tentasse, não conseguia descobrir se havia reciprocidade com relação aos seus sentimentos, ou seja, não conseguia decifrar no olhar dele ou em seus gestos, qualquer sentimento que fosse além da amizade. Então ficava com medo de estragar o que eles tinham construído, a cumplicidade que tinham um com o outro, o desejo que ela tinha de sempre estar perto dele e por isso, nunca conseguia lhe dizer o quanto ele era mais do que um simples amigo para ela, o quanto era especial.

Além de tudo isso, ela se sentia insegura com relação ao que ele poderia pensar dela, porque teve uma educação muito rígida e sempre lhe disseram que ela jamais deveria demonstrar seus sentimentos aos um homens, que eles é que deveriam se manifestar primeiro. Por tudo isso, ela tinha medo do tempo passar, de alguma outra mais corajosa se declarar, pois sabia que tinha uma porção de garotas "de olho" nele e assim, perder a única pessoa que despertava nela um sentimento inexplicável, completamente novo. Sabia que não poderia esperar muito, que tinha que tomar uma decisão, mas só de imaginar um "fora", ficava com vontade de chorar.

Foi então que certo dia decidiu colocar uma carta na caixa de correio da casa dele (moravam perto um do outro), mas não teve coragem de se identificar, achava que se ele sentisse algo, certamente comentaria com ela, se ele não dissesse nada, era porque não estava interessado e então, ela procuraria esquecê-lo, por mais difícil que isso pudesse ser.

A ansiedade é irmã da insegurança, tanto que pessoas seguras, são confiantes e dificilmente ficam ansiosas. Ela ficou tão ansiosa para saber o resultado de sua "audaciosa" tentativa, que passou dias sem comer e dormir direito e sua família teve medo de que adoecesse, mas o pior é que por mais que tentassem descobrir o motivo de tanta aflição, ela não dizia, mantinha-se fechada em seus pensamentos, escondendo algo que era só seu e que talvez poderia ser incompreensível para qualquer outra pessoa que não fosse tão insegura.

Assim que leu a carta, ele soube quem era o remetente e ficou muito contente, descobriu que também gostava dela e então foi procurá-la, conversaram muito e se entenderam. Formaram o casal mais bonito que poderia existir e juntos estão até hoje, contrariando a curta durabilidade da maioria dos relacionamentos do nosso tempo.