EMOÇÕES
FATAIS
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Álvaro
Brandão
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Era
um daqueles dias de uma luminosidade intensa e de um céu esplendorosamente
azul. Roberto, mal se levantou, decidiu de imediato que seria um óptimo
dia para passear no parque e procurar esquecer as amarguras de um quotidiano
cada vez mais amargo.Chegado ao parque, e após comer uma sanduíche,
sentou-se no mesmo banco de sempre. Ao fim de alguns minutos, e quando
se preparava para ler o jornal, reparou numa criança que se dirigia
para ele. Ficou estupefacto. O menino era extraordinariamente parecido
com o seu filho. Há mais de três anos que não tinha
notícias de António. Praticamente não sabia nada
sobre o seu filho desde que Marlene o tinha abandonado levando consigo
António então com 4 anos. A presença daquela criança
e o sorriso que lhe dirigiu deixaram-no completamente enternecido. Não
resistiu a pegar-lhe ao colo e a beijá-lo, deixando escapar algumas
lágrimas. De seguida, pegando-lhe pela mão, levou-o até
à banca dos gelados e comprou-lhe um corneto de chocolate, o
mesmo sabor que António tanto apreciava. Quando regressava com
o menino pela mão ao banco de jardim, e imediatamente a seguir
a sentir um terrível calor nas costas, ouviu uma voz que lhe
dizia: "morre pedófilo filho-da-puta".
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