MULHERES...
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Marcus
Martins
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Gostaria de entender as cabeças femininas. Cabeças essas, que formam os maiores absurdos e como se fossem mágicas dizem palavras extremamente sensatas e belas. Essas mentes atordoam-me por sua curiosidade, preferem não dormir a entregar-se e dizerem que não são curiosas. Certo dia me provaram isso em apenas cinco palavras. - Mulheres quando curiosas não dormem. Dizia... Um dia cheguei em casa na hora de costume. Passava um pouco da meia - noite.Notei algo estranho, primeiramente a lâmpada da sala estava acesa e um vulto repousava como um paxá em minha poltrona favorita. Entrei em casa sorrateiro, de forma a não levantar suspeita, pus meus pés no interior da casa, o vulto levantou - se e caminhou em minha direção em um ímpeto de susto virou-se e indagou: - Olá querido, porque chegou tão tarde? Ufa! Era apenas Mônica, (aliás, para aqueles que não sabem Mônica é minha esposa). Achei estranho, mas não quis saber o real motivo de sua presença até dado momento, apenas respondi: -Olá querida...sai mais tarde. Já estava um a zero Esgueirou - se pelo meio dos moveis da sala que a atrapalhavam e deu-me um de seus beijos que me lembravam da meninice, quando nos conhecemos. - Que bom... Que bom?!Como assim que bom?! Não pretendia ouvir aquilo, não àquela hora, também não pretendia filosofar aquela altura do campeonato Decidi então tomar meu banho. Segui a passos firmes e decididos até meu quarto, peguei o que me era necessário.Mônica seguiu meu rastro, estava muito estranha então lhe perguntei, ou melhor, desafiei-a: - Está sem sono Mônica? - Estou, cheguei em casa, encostei me na cama e dormi um pouco. - Eu pelo contrário - tinha de contrariar - estou com sono e muita vontade de tomar um banho e dormir. Disse e segui para o banheiro a passos firmes como a de um soldado que vai para a guerra. Antes mesmo que pudesse apertar o passo para fugir do inimigo a vista uma voz soou como um brado de um comandante que pretende voltar para casa com seu regimento completo. - Q-U-E-R-I-D-O!!!!! - disse uma voz que reconheceria em qualquer lugar. - S-I-M!! - tentei devolver na mesma moeda. - Olha o que sua mãe trouxe para você - falou e apontou para um pacote sobre a cama. - Ah! Minha camisa veja como mamãe se preocupa comigo. -Como assim, camisa?!-não pretendia dar o braço a torcer. -Ela havia me dito, sobre um presente que pretendia me dar quando achasse oportuno e penso eu que tal momento chegou. -Como sabe sem abrir o pacote que é uma camisa?-torturava - se pela minha astúcia. -Ora ela havia me dito sobre o presente. -Ah... - Não estava conformada. Estava dois a zero para mim. Fui tomar banho pensando no seguinte. Mônica costuma dormir por volta das dez, aquele dia havia chegado em casa por volta das nove, se não me engano. Alem do mais o presente por abrir. Era um tanto quanto estranho. Sai do banho e fui direto procurar meu lugar na cama, mas antes mesmo que pudesse fingir que estava dormindo uma voz soou novamente em meus tímpanos e eles treinados já identificaram o tal som. Era Mônica -Querido você não vai abrir o presente? -Ah Mônica deixa isso para amanha agora eu quero dormir e alem do mais eu já sei que é uma camisa. -Ora, vamos abra - só faltou pedir, por favor. -Amor, deixe-me explicar, mamãe iria me dar uma camisa o embrulho parece uma caixa de camisa o formato é de camisa, logo o presente é uma camisa e eu quero dormir. Tudo bem? Entendeu? Agora vamos para a cama. - Como pode - sua voz antes encantadora tornou-se pesada e ameaçadora como a de um carrasco - um filho renegando um presente da própria mãe. - Boa noite - havia soltado meu ultimo trunfo. Apaguei as luzes e quando o som oco do interruptor se fez ouvir e desapareceu no mesmo segundo e a escuridão passou a tomar conta do quarto e afundou a curiosidade de Mônica eu finalmente soltei um longo suspiro e pensei: venci. Estava enganado. No mesmo instante que o ar dos meus pulmões transformou-se em suspiro o som oco do interruptor retornou e invadiu meus pensamentos que já iam longe e quase no mesmo instante as luzes se acenderam e a curiosidade de Mônica retornou junto com ela. - Olhe eu aceito tudo, há uma coisa que eu não tolero e essa é a desfeita. Vou ligar para sua mãe e contar o que aconteceu. Agora. Estava exaltado pela curiosidade, seu olhar tinha um furor que espantaria até mesmo o mais bravo dos guerreiros e com certeza se a enfrentasse com certeza seria considerado herói de guerra. O placar começara a mudar estava dois a um. Mas mesmo assim a enfrentei: - Vamos o que vai fazer? - Ligar para ela! - e iria mesmo - Tudo bem, mas vou te avisar que já é uma hora da manhã.- ignorei-a e de com os ombros e um ato de confronto. Arrependi-me. - E daí - sua resposta me desarmou. E sem querer ela havia empatado dois a dois. Pegou o telefone começou a discar um numero, havia acuado-me de forma impressionante e agora derrotado em um ultimo ato de honra disse-lhe: - Vamos cadê o embrulho? Largou o telefone no mesmo instante e o pacote caiu sobre meu colo como uma bomba.Desembrulhei o pacote com certa preguiça, os olhos de Mônica procuravam o inicio e o fim do pacote. - Esta aqui uma camisa - Oh que maravilha! Muito bom gosto da parte de minha sogra. Sua mãe havia se tornado minha sogra, essas mulheres como gostaria de entendê-las. - Bem, o presente é uma camisa, eu já sabia agora vou para cama - disse pausadamente para que pudesse entender-me por completo. - Tudo bem. Ficou admirando a camisa, deitou-se ao meu lado, quando apaguei as luzes e os meus pensamentos iam longe, pensava na derrota do dia, três a dois, estive a um passo de ganhar. Já devaneava quando a voz de Mônica tomou conta não só do quarto, mas também da casa. - Amor, você não vai experimentar. |