SANGUES
Álvaro Brandão
 
 
Sangue. As tardes passadas naquela praia. O teu sorriso. O cheiro do sangue. O primeiro beijo. Os passeios por aquela estrada abandonada. Todo este sangue. As longas viagens de comboio para te encontrar. O teu despertar doce e lento. Nunca pensei que fosse tanto o sangue. O toque de seda do teu corpo. Aquela música. Os mergulhos no atlântico. O teu sorriso. Estão a bater à porta. O teu cheiro. O que é que eu faço com todo este sangue? O teu cabelo. Ouviram os tiros. Chamaram a polícia. O teu sorriso. Vão arrombar a porta. As tuas cartas. Tanto sangue. Os teus olhos. Conseguiram entrar. Não conseguirei abandonar o teu corpo. O teu corpo. Disparo? Sangues.
 
 
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