Tantas vezes você reúne-se com amigos, conhecidos e familiares para lembrar, para ter do quê lembrar, para escrever.

Fácil. Muito fácil construir bons momentos regados à bebida e afinidade, misturando o que temos com o que já conhecemos. Criamos novas piadas e relembramos antigas; marcamos com fotos e gargalhadas.

Sozinho no entanto, é que vem a outra face da moeda: saber o que separar, desfazer-se e esquecer do passado desnecessário.

Esquecer e querer esquecer de momentos que marcaram, deixaram grandes lições, estas, porém às custas de uma grande dor. São roupas e músicas, são livros e cartas, notas e diários de um passado enraizado que tornam e retornam contra nossa vontade própria. Sobrepujam o momento de brilho em um eclipse incontrolável, sufocante.

Saber esquecer não se aprende simplesmente, não facilmente se esquece. Ignora, suprime, sufoca.

Sufoque cada um destes momentos com a ausência física do que te remete ao passado mais doloroso. Ignore com a presença ainda mais intensa de novas piadas e gargalhadas. Suprima e esmague transformando estes momentos em um peso tão insignificante que sejam apenas a lembrança do que te fez aprender. Não aprender a lembrar, nem a esquecer... Mas a viver cada vez mais intensamente a sua alegria compartilhada.