CRÔNICA NÚMERO 19
Osvaldo Pastorelli
 
 
O envolvimento do sentir me aniquila no que devo ou no que não devo pensar ou fazer.

É somente situação abjeta que faz ser que se quer ser.

É estupefação de leveza às vezes parecendo fraco, retilínea pequena esfera de querença de apenas sentir o ser.

Conteúdo vazio de elemento a se multiplicar nas dobras das dores irreais sem se aperceber o intenso ser querendo apenas extrapolar o que poderá ele ser.

Envolvimento de abrir portas da percepção diante das entranhas de probabilidades infindáveis arrastando para o labirinto do ser ou não ser.

Mero momento teatral.

Poeta sem credibilidade, apenas solitário do sentir, no esquecimento carrego o perigo ao enfrentar a paixão presa dos anseios.

A libertação total se acha nas entrelinhas, nos entremeios das palavras a lapidar defeito dos passos incertos.

Possa ser isso defeito, pois só assim haverá mais possibilidades de sobreviver além da própria dor de ser.

Na lembrança em dádiva se entoará brados surdos reforçando os gritos mudos aos amores presos em tonéis de absurdos.

(crônica inspirada no poema "O Anjo", do poeta Maurício Rosa de Almeida, postado na segunda-feira, dia 23 de agosto de 1.999, às 09:35)

 
 
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