COMO SERIA...
Francine Ramos
 
 

Quando resolvemos realmente ficar juntos tivemos que perder algumas vergonhas ainda existentes, pois muitas vezes as nossas palavras ficavam apenas no olhar, mas que com um toque ou um sorriso, sempre conseguíamos esclarecer os sentimentos escondidos na vergonha das palavras.

Eu realmente gostava muito disso, dessa compreensão sem palavras, dos ossos que forçam para movimentar-se, mas que mantém no silêncio dos movimentos as vontades reprimidas. Sabe aquela paixão que parece grudar na pele e que de qualquer forma quer sair, mas não sabe por onde? Era esse tipo de amor que tinha por ele. Era como uma respiração ofegante, mas um pouco pausada como um ator em cena de um grande drama. Sim, sim! Era um amor contido no drama do não gostar e gostar, do esconder e parecer, do olhar lateral, da timidez.

Quando sentávamos para conversar esquecíamos quase que simultaneamente que éramos um casal e eram nesses momentos aparentemente simples que depois, quando eu estava em meu quarto sozinha, eu pensava que queria ter sempre por perto pessoas como ele para que eu pudesse me sentir livre e despida de qualquer vergonha. Mas quando nos encontrávamos a sós a vergonha nos ossos ainda me dominava e eu me sentia frágil e ao mesmo tempo bem, afinal, eu pensava, não será à toa meu corpo dizer tantas coisas com tão poucos movimentos. O melhor de tudo é que ele compreendia tudo isso.

Numa noite eu olhei nos olhos dele e disse com todas as letras a culpa que ele tinha por eu me sentir assim tão presa perto de sua grandeza. Sim, ele era grandioso, forte e de um sorriso dominador incrível. Daqueles que as pessoas amam ou odeiam e eu sempre via em seus olhos a sua própria autoconfiança e sentia aquela transmissão de nossas energias. Ele ganhando um pouco da minha timidez e eu me sentindo confiante. Sempre tivemos momentos intensos, grandiosos. Hoje eu não sei mais dizer se amo os momentos, ele ou apenas minha timidez contida diante de tanta beleza.

 
 
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