ESPECTRO
Elaine Brunialti
 
 

"O teu amor é uma mentira
Que a minha vaidade quer
E o meu, poesia de cego
Você não pode ver"
- Cazuza -

Não era o brilho da lua que roubava minha atenção.
Eram teus olhos, faróis iluminando meu espectro,
subjugando minha alma.
Nem era o uivo do lobo que fazia meu corpo arrepiar.
Era sim tua voz em sussurro pronunciando meu nome.
Foi assim o nosso começo, o tudo que não aconteceu,
o nosso fim. Fim?
Que nunca chega, paixão que nunca termina,
Sem ao menos ter começado.
Atração irresistível, que não cessa
e que não deixa espaço para paz.
Se te penso, sinto ainda todos meus elétrons desorbitarem.
Sossego? apenas quando se juntam aos teus.
Se não te penso, como não te pensar?
Ah...Esta distância que não existe, este tempo que não passou.
O amor, que nunca aconteceu, é a paixão que me mantém viva.
Porque teimas em se fazer pesadelo nas minhas noites (que não são tuas)?
Porque te fazes tão presente? Se nem sei se existes.
Meu coração entra em descompasso cada vez que ouso pensar teu nome.
Persegues-me como um fantasma, como um demônio.
Ou seria um anjo tentando me mostrar um caminho de salvação.

Não sei dos teus caminhos,
nem sei dos teus amores,
não faz diferença.

Sei de mim, doidivanas,
que ainda te sente,
te abraça. Te espera.

 
 
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