CRÔNICA NÚMERO 18
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Osvaldo Pastorelli
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Quero
pronunciar palavras diante das palavras lidas e não lidas.
Este pronunciar é só querer nada mais ir além do que meu parvo intelecto consegue ler. É querer pela metade, truncado na busca de brincar de se esconder nada mais. Imprudente brincadeira de não ter o esclarecido como forma de conduta e aprimoramento. Fortaleço-me e o pensamento rola veloz na espessa pasta noturna cheia de agonizantes vampiros chupadores de sangue envenenado. Tudo é tudo enquanto sua mão desliza entre minhas pernas numa tentativa de brincar de afeto, conforme foi o seu pedido. Querer afeto numa alcoolização é querer se afogar no negro mar onde se inova tudo o que se quer ter. É desafiar lancinantes beijos de lábios arquejantes de desejos fálicos. O álcool condensa a brisa sem que se distinga o parar do tempo sólido tendo a memória quebradiça. O ir e ver são processos rotineiros que não deixa transparente opção diante das curvas cujo gozo dos meus prazeres são tortuosos e lascivos. Sigo no braço da libido que me segura do vento forte aflorando em meu corpo a excitação O pêndulo resoluto nunca para de refletir na parede a nudez de só ser só. Numa cadência aderente dos movimentos cerebrais, meus passos antigos morrem renovando-se arduamente. O torpor da noite que se finda não prenuncia o baque do fragmentado sentido do ser. O sal na cerveja penetra como dardo destroçando os mórbidos desejos. Incrédulo a voz fanhosa do inconsciente acende os olhos sombrios da morte. Maldito que sou ao me iludir a cada pulsação sangüínea que me verte inescrupulosamente; Não ouço os amarelos sorrisos que num beijo se fecha ao abraço mortal. Para não ser tragado pelo coração das trevas sem me envergonhar, corro erguendo o coração selvagem para que o vermelho verme esquematiza os hematomas do teu repúdio, do teu infame pedido. Depois deito meu corpo sólido no áspero asfalto da vida que se desvanece ao findar do dia. (Crônica
inspirada nos poemas: "pare", do poeta Carlos Bernardes Costa,
postado na lista sexta-feira, dia 20 de agosto de 1.999, e no poema
" sem título", do poeta Daniel Francoy, postado na
lista no sábado, dia 01 de abril de 2.000) |