LES
AMOUR DES CENTAURES
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Luiz
Carlos Rufo
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I - Murna e o Centauro - Um diálogo. -'Esta cumplicidade é Divina.' -'Sei interpretá-las por te conhecer tão bem e...' -'Preciso acreditar nisto um pouquinho. Convencido a fé...' -'Aquelas longas conversas (lá-lá-lalá) tinham que deixar frutos.Tinham?' -'Nosso relacionamento, um tanto diferente, que faz conhecer, é uma especiaria! Entre qual cravo e canela empregadas para realçar o gosto ou adicioná-los.' -'Para ficar alguma coisa para ser dita e você continuar, imaginária.' -'Que delícia saber das saudades e dos sonhos que não eram só meus.' -'Esta sua encantadora. Esta culinária.Uma, melhor, orientação para os cozinheiros.' II - Murna e o Centauro - Um monólogo. '...você sabe que em nossa coleção, a de nós dois, falta seu retrato? Estimulante? seria pintado a dedo, a pata, fotografado em passe de mágica, com muitas cores, sempre sobre o azul, refletindo sua música, aquela em que você chora, e seu modo de olhar, aquele olhar que instantaneamente me lembro e que em seguida se foi por julgar-se ou pensar-se possível ou provável. Nas muitas folhas de papel algodão espalhadas sua imagem, através da aguada, se materializaria, em poucos cliques - leve e nítido - ou clichês -gravada fotomecanicamente em relevo-, aos poucos, sem muita pressa ou nenhuma, dissipando de vez aquele sonho de perda onde eu queria, procurava mas o desenho não se fazia, a foto não se revelava e alguém tinha o dever de levá-la, você, dali e, eu, o de me afastar. Por você fazer tal distinção, ter tocado nesse assunto, você gosta de falar - meu texto e sua imagem -, percebo que falo com você, temos o poder de falar, você fala comigo, mas só agora me certifiquei de eu e você falando. De você e eu. Tanto tempo, mas também, tempo nenhum. Eu escrevo como contraponto, contrapeso, você sabe. Sabe? A imagem captada se faz num mundo incompreensível,esse mundo de qualquer um, é relato do pós, do depois, do por vir, sem pensar. Areja, expande e desilude. Seu sentido, o de você e não o da imagem, torna-se, de alguma maneira e repentino, o meu. Seu retrato, que sei que farei, sempre o fiz, misturasse ao que sinto de mim, ao que lembro em você, e essa sensação não tem gosto nem cheiro, o gosto e o cheiro é de outro momento, um novo momento, a imagem não, ela, a imagem de você, é a da eternidade. (...) Seus textos ou colóquios são isentos de matérias estranhas compensando e até moderando aquela uma força oposta ou, quem sabe, até, um outro peso.' II - O Centauro - Encantamento, laços e recursos que se atribuem a um traçado. Seu fictício, sem ser enganoso, são atributos pertencentes ao domínio de minha imaginação, sempre fez parte, integral, do meu. Tenho rascunhado muito. Tenho feito descrições extenuantes de paisagens e sonhado com escritos antigos e muitos deles indecifráveis como os sabidamente prevalecentes de influências de negros, sergipanos e turcos. Tenho muitas referências persecutórias desse mundo enlouquecido. Uma delas, especialmente, sua. Há considerações em livros que talves ainda estejam em construção e com suas publicações prevista para alguns meses destes anos em que vivemos, lançamentos conjuntos, traduções para línguas distantes como exposições de coleções de aquarelas para japoneses - vi umas 40 ao todo que se intitulavam "A mais querida" ou as referências relacionadas à formação do povo brasileiro, miscigenada por índios, negros e brancos. O livro não acompanha o tema, longe disso. É, precisaríamos de produções totalmente diversas como se fossem dois de mim, ou de nós. Uns quatro. Apenas, acho eu, que muito se dá em proveito da verba gasta com divulgação. Sei que me entende, qualquer um entenderia. Falemos do livro. As "folhas volantes". Um texto longínquo, persistente, impertinente e desafiador me açodando. Dois ilustres e amados folcloristas brasileiros, Luis da Câmara Cascudo e Manuel Diéges Júnior, você conhece? já leu? trouxeram, contribuição ao problema da origem da nossa literatura de cordel. Já parou para ler? Cascudo, em vários ensaios e livros, sobretudo no seu "Vaqueiros e Cantadores" e "Cinco Livros do Povo", e Manuel Diéges Júnior especialmente no ensaio "Ciclos Temáticos na Literatura de Cordel" nos mostraram a vinculação dos folhetos de feira, a partir do século XVII. Como essas coisas são ditas em restrito. Assim me animo. Desenrolo o que é de minha intenção. "Vinda de lá, a brisa azáfama, me surpreendeu: ela estava junto. Seu sabor de princesa eu conhecia. 'Me apaixono antes de saber' dizia sem relutar. Relembrava sem apreender, sem me ater, sem aprisionar. Era diáfana a lembrança". Muito bem. Há dezenas de trechos como o acima, trechos sem liga, sem entrelace, sem enredo. Como isso poderá explicar alguma coisa? Tomam parte de um anseio em descrever o que já não pode ser apreendido. Mas são, insistentemente, parte integrante do livro. Ou seja, uma proposta sem solução. Uma obrigação com os mandos de uma obra zombeteira. Manobras burlescas, isso sim. Só as ilustrações poderiam orientar melhor. De fato, como você é a fonte distante de tamanha eqüissonância, dona de um lugar heteróclito da minha parca imaginação, creio, tem um dever a cumprir, desvendando, para mim, nuances desses trechos. Pode ser com poucas palavras, o que importa é a guia. Não acha? O fio de Ariádne ou os caminhos de Lampião Virgulino invadindo a Bahia como saída para seu labirinto ou, quem sabe, até, entalhes organizados de José Francisco Lisboa feitos sema presença de seus dedos. Quem sabe? Quem sabe? O fio condutor. O fio para estabelecer realizações e avaliações de algo que se propõem adverso ao projeto. Para salvá-los necessito criar uma norma. Precisaria já que seu tempo é, como me disse, escasso. O que tenho a dizer é o que muitos dizem que a arte cura ou tem cura. Sem dúvidas. Quantas são? Existem exemplos. E também, por assim dizer, não tenho pressa alguma: sei que vai me ajudar. II - Murna - Resultado final. O arremate para pontos de vista. Aludimos ao destino das personagens mais importantes da ação, depois de ocorrido o desenlace, não revelaremos fatos posteriores à ação para completar-lhes o sentido ou a falta dele. Prefiro chamá-lo assim agora. Você se importa? Personagem. É mais forte, mais fiel. Reflete melhor esta sua encantadora - fixei-me no termo- maturidade profissional e pessoal que sinto presente em muitas obras por aí e por conseguinte em suas palavras. Lembra-se da nossa em seu escritório, por culpa de não sei o quê nem causa? Quase destruí seus equipamentos, sem querer, é claro e compreensível. Jamais faria isso! Agora, como você consegue me perdoar? E mais, ainda me envia um pedido seu. É, veja só que distância separa nós mulheres práticas de vocês homens resolvidos. Quem diria! Bem, mas nem acho, deveras, que seja muito esse o nosso caso. Então...vou responder parcialmente porque notei que você está com pressa e para mim suas empreitadas traduzem uma dicotomia que por um lado as formas são sutis e pouco definidas, nada palpáveis, e por outro os argumentos me comunicam algo multicor, iridescente, sensivelmente forte, como um Mozart saltitando. Real, isso sim...real. Fico, pretensamente -lógico- achando que sei como interpretá-las, já, por conhece-lo tão bem e um pouco, mais até que muitos, tão bem. Tenho aqui duas pretensões imperdoáveis, primeiro achar que possuo a verdade sobre alguma coisa, segundo é achar que te conheço tão bem. Demais. Mas, neste momento, acho eu, que preciso acreditar nisso um pouquinho. Um tico. Aquelas longas conversas no passado tinham que deixar alguns frutos. Bom, pensando, de qualquer modo, estou adorando. Você não acha que nosso relacionamento, um tanto diferente, é especialíssimo? Responde, tá? Já presenciou mosaico sem figuras orgânicas, só aquele amontoado de geométricos de quem não tem idéia melhor, sem figuras humanas - que crime - apenas na contraposição da luz externa do sol? Ou na frente do sol. Eu trocaria essa experiência em uma tarde tranqüila de não ter o que fazer por aquela mediocridade que são a maioria dos contatos e relacionamentos. O azulado de Dom Bosco, por exemplo...conhece? O azul mesmo considero frio representa a fidelidade e delata que as cores influenciam em nossas vidas provando que tem sentido dizer que o vermelho púrpura existe para delatar um vinho ainda muito jovem. Não vou responder mais do que isso para ficar alguma coisa para ser dita posteriormente e ter uma desculpa apara continuarmos, e você continuar com sua argumentação. Essa é a vida, o sumo e não o bagaço. Não? Que delicia saber da saudades e dos sonhos que não eram só meus. Essa cumplicidade é divina. 'dentre muitas tarefas que organizo, observo, repenso e tenho prazos para terminar, está você. Lembro-me que serei observado daqui a muito tempo, como é do costume de nossa sociedade dentro de suas infinitas responsabilidades, mas sempre deixar de me responder. Vamos nos apressar lentamente.' Separei,
por quanto termino as tarefas que me impus, que estou para você
assim como o desejo, oriundo de um sonho antigo -época em que
muita saudade de você mesmo convivendo ao seu lado diariamente
(essa é a época mais viva para mim), juntamente com tarefas
novas que evocam sombras e tentam relembrar sua luz. III- Poema. Vou contar uma história, primeiro para a natureza verde, para que contem para as colinas mineiras em azuis sem fim e um pouco mais, para que o vento espalhe, com aquelas nuvens em flocos branquíssimos, ah! cor branca é maravilhosa. é expressiva, e você saiba que há uma melodia nesta história. Não fuja de quem você presenteou mesmo sendo uma moça que quando ouve, também canta. Minhas respostas a suas perguntas são as de que saúde não separa e doença é dica. Uma separação do todo, do eu, as vezes vem da solidão. Mas as palavras me curam. Seu imaginário é Divino. Me cure com sua palavras. Ouviu? Elas curam dependendo que quem a s professa. Como você bem sabe e provou sou mulher, não homem. Por
ser mulher não consigo, por mais que me esforce, produzir palavras
que curem, como fazem tão bem as suas. Apenas os gestos funcionam
em nós, só assim, gestos, evocamos poder. |