TEIA
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Leila Silva Terlinchamp
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Florinda, só mais esta vez, tenha piedade, minha flor. Eu prometo, juro que paro de beber, por tudo que é mais sagrado, pela minha mãe. Flô, fala comigo, larga essa porra dessa mala. Não posso viver sem você, bar é coisa do passado. Fala comigo, Florzinha, tenha piedade, não fique aí calada. Faz um café amargo pra mim que eu melhoro e a gente conversa tranqüilo, vai meu bem. Flôoooo, vem aqui!
Alô, mãe, a Florinda, aquela egoísta foi embora...bebendo, eu? Mais sóbrio impossível, mãe, só saí com os amigos, ela não pode entender uma coisa dessas? Umas duas ou três cervejas, só isso. Mãe, liga pra ela, por favor, a gente precisa pelo menos conversar, ela ficou surda e muda de repente. Liga pra ela, ela vai te ouvir, com você é diferente. Não vai telefonar por quê? Que é isso hoje, complô contra mim? Inferno! Desculpa, mãe, não queria falar palavrão. Eu que tenho que ligar? Eu sei disso, mas se eu tô falando pra senhora que ela não me ouve, eu falei falei e ela pegou a malinha, nem respondeu. Bateu a porta e foi embora. Bem feito pra mim?
Alô, pai? Não, não muito bem, a Florinda foi embora, nem quis conversa .hein, ligar mais tarde? Ah, tá ocupado? Tá bem, então você liga, vou ficar esperando. .. Alô, Jorge, tudo mal, cara, tô precisando conversar, não quer me encontrar lá no bar? Ah, está com visitas? Mais tarde, então? Como? Quem? A Flô, mas o que é que ela tá fazendo aí? É melhor explicar muito bem .Alô! Alô! |