SÚPLICA
Bruno Pessa
 
 

E eu que achei ser fácil apagar teus flashes da minha hiperpopulosa mente, acreditei nessa bobagem chamada tempo, dando tempo ao próprio tempo, como se fosse o corte no braço que depois de um mês já era de vez... Me vejo no buraco fundo, sem saídas à vista. Quanto mais quadros tento posicionar sobre o teu, para que a justaposição talvez te esconda, mais eles respeitam tua autoridade, colocando-se mui respeitosamente em tua volta, como se não devessem ousar diante de ti.

Fico divagando se esse foi o meu pecado, a ousadia de virar a página de uma vez, não me dando conta de quem passava eu por cima. Desde então, os fracassos conduzem-me à humildade, não controlo a situação, nenhum poder detenho, nada me faz crer em independência. Conviver com os pés acorrentados, caminhar só se for arrastando teu peso inexorável, como se afastar em definitivo?

Não tem portas, é mesmo um escuro buraco, resta apenas olhar para cima. Não sei quantas vezes juntei minhas mãos por causa de ti, em busca de intercessão do alto. Joelhos dobrados, agora é pessoal: tende piedade dos que não te tiram da cabeça!

 
 

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