PÉ DE MANGA
Heringer
Quem não gosta de mangas! Às vezes, muito maduras, ficam vermelhas de tão doces e apetitosas que são. No quintal da nossa casa tinha uma mangueira frondosa e fértil. O problema é que ela ficava encostada no muro que dava pro telhado da casa do vizinho, que era mais baixa que a nossa. Acontecia de algumas mangas - quase sempre as mais graúdas ou verdes - caírem sobre as telhas de lá causando algumas avarias. Que importavam, se as mangas eram bem mais preciosas que tudo! O vizinho deu de nos vigiar; e não dava pra subirmos na mangueira com ele por lá a nos observar. Combinamos um plano. Como ele era vendedor de livros e trabalhava na própria casa, ligamos e encomendamos uma coleção bem cara - a Barsa -, e fornecemos como endereço o prédio em que funcionava um velho hotel, demos até o número de um dos apartamentos. Vimos quando saiu, e por certo iria demorar - o local ficava bem distante. E subimos rápidos no pé de manga que então estava carregadinho de frutos. Demos muito azar. O meu irmão desceu com galho e tudo sobre o telhado do homem e quase foi parar dentro de um dos quartos. Conseguimos retirá-lo de lá, e, por sorte, tão somente com uma costela quebrada. O homem ficou uma fera conosco, mas não conseguiu provar nada. Um galho caíra, fora um simples acidente... no entanto, ele serrou, criminosamente, todos os galhos da árvore que invadiam os seus limites. E nós ficamos com somente meio pé de manga.
fale com o autor