A COR DOS TEUS OLHOS
Zeca São Bernardo
 

Muitas nuvens passaram no céu...
Muitos verões, tantas primaveras, outonos e
Outros tantos invernos.

Sob a soleira do tempo encontrei meu destino e
Daquele adolescente já quase não me lembro mais!
Contudo, ainda ecoam em meus ouvidos tuas palavras.

E certo de que nunca esqueceria- me de tua voz segui
Uma vida quase inteira!
Tantos sonhos, tantos desejos.
Tantas paixões, gostos e desgostos idos...passados e
Vindos ao meu encontro enquanto olho as nuvens que passam.

Calado, sinto o vento que corta a mata...
Calado, sinto a pedra em que piso...
Calado, sinto a distancia que me separa de mim mesmo!

Pensei que minha felicidade seria sempre a doce vingança sobre
Tua maldade...seria o meu triunfo sobre a dor que senti.

E, agora, vejo que a dor passou por si só.
Que seguiu para outro lugar...
Quem sabe habita outro coração partido ou
Parasita nova mente alquebrada pela desilusão?

Quem sabe?
De você só sei algumas poucas notícias, um tanto tristes.
Continuas á procurar o amor em outras camas, outros corpos, outras bocas.
Sem a encontrar...vagando.

Daqueles dias guardei o amargor de tantos sonhos não realizados e essa
Estranha saudade...de ti, que obriga-me a forçar a memória aos extremos
Na tentativa deturpada, perdida, tola de me lembrar da cor de teus olhos.
Na tentativa de não perder a única coisa que tenho de ti...uma lembrança.

 
 

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