MALMEQUER
Vilma Santos
 
 

Rio de Janeiro - Jardim Botânico.

Balé estonteante de cores em asas e pétalas. Cheiro de mato, de terra, de vida pura. Música de vento, orquestra de passarinho, som cristal de cascatas. Orquídea. Beleza, magia, flor-mistério, flor do amor... Vitória-régia, rainha vitória. Suas majestades, palmeiras imperiais. Entre tanta grandeza, ela: pequenina, delicada, tentando ser discreta em seu gritante amarelo-ouro-fogo, seu cheiro de beira-rio, a flor do malmequer. Como uma poção mágica, uma máquina do tempo, levou-me à beira de um rio de minha infância...

Aninhada nos braços do homem que amo, chorei de saudade de outro homem que amei, que me amou, que deu-me a vida de presente. O homem que nadava carregando uma menininha nas costas para buscar na outra margem, uma dourada malmequer. O homem que atravessava o mesmo rio, trazendo entre os dentes um nenúfar que chamava "baronesa". Alguns anos depois, dos cerrados de Brasília, trazia a bela caliandra...

Pai, essa mulher que herdou seus valores, guarda bem viva a menininha que você ensinou a sonhar, a amar as flores e tudo o que é verdadeiro.

Bem-te-quero, malmequer, flor da saudade.

 
 

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