SETE DIAS
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Leonardo Luz
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Nos conhecemos há uma semana. Uma semana. Sete dias. Sete dias! Vamos combinar que em vinte e cinco anos, uma semana não deveria fazer muita diferença. Mas fez. Também, pudera. Ela é um anjo. Não como nós, rs, mas um anjo de verdade. Dessas pessoas que só se vê em filme do Truffaut ou em novela da Glória Perez. Dessas que você nem acredita que exista, e, se existir, não vai pintar na sua vida nunca. Mas eis que pintou. Mas, citando Veríssimo, o grande problema da vida é a falta de organização. Por uma impossibilidade, não podemos ficar juntos. E a última coisa que você quer falar pra uma pessoa dessas é "poxa, não dá"... E você não fala, e vai perdendo o controle e se enrolando, e, quando vê, se encontra apaixonado por aquele anjo, apesar da impossibilidade. E se o anjo também se apaixona, como foi o meu caso, você tá fodido. É impossível dizer não. Aquele olhos grandes, aquele sorriso largo e convidativo. Uma pessoa assim jamais vai aparecer na vida de um sujeito como eu. Nunca mais. E ainda assim, dessa vez não dá. Me corta o coração, mas não dá. Fica a esperança de nos encontrarmos de novo, e seu coração não ter se enchido de rancor por mim. E falta coragem para dizer o que deve ser dito, e fazer o que deve ser feito. E não se diz o que deveria ser dito, e não se faz o que deveria ser feito. Nos conhecemos há uma semana, e estamos loucos um pelo outro. Mas não deveríamos estar. Nem podemos. Mas aconteceu. E no exato momento em que um idiota qualquer escreve um texto sobre saudade e sobre uma mulher linda, um anjo; uma mulher linda, um anjo, está em casa, sentada no canto da cama, chorando. Por que ama um homem que não pode ter. E chora mais ainda por saber que ele também a ama. Sete dias. Sete dias foram o suficiente para que essa estranha saudade louca deixasse os dois em frangalhos. Como se conhecessem um ao outro há anos. E o idiota, escreve derramando lágrimas sobre o teclado. E pensa nessa estranha saudade, que faz uma semana ter mudado suas vidas de tal maneira, que parece que se conhecem há anos. |