Sonhava
o astuto menino
Ser o próprio outono.
Despia as copas sorrindo
Precavendo inverno medonho.
Esconderia sombras no frio
Pro sol aquecer seu caminho.
Sonhava
a terna menina
Ser a doce primavera.
Vestia-se de sedas finas
Cas cores mais diversas.
Aguava perfume na brisa
De flores no caminho nascidas.
Sonhava
o jovem robusto
Ser o vento zumbindo.
Esculpia rostos nas pedras
Donde ouvia assobios.
Pastoreava nuvens de vapores
Polinizando seus caminhos.
Sonhava
a jovem donzela
Ser a chuva divina.
Apagava mazelas da sorte
Fecundando terra abatida.
Nos seus veios curvilíneos
Escorriam-se seus desatinos.
Sonhava
o sábio senhor
Ser o vistoso mar.
Guardava nas águas profundas
Brandura da terra e do ar.
Suas ondas temperavam vidaS
Das gentes de lá e de cá.
Embalava
o sono de todos
Senhora
de rara beleza,
Abrandando
corações pedregosos
Era
a velha mãe natureza.
Invadira
os sonos dos povos
Mostrando
a sua grandeza.