CORAÇÃO DURO
Daniela Fernanda
 
 

Uma mulher que é mãe, não deve ter o coração duro. Nem tampouco uma pessoa que tem um animal de estimação, poderá ter o coração duro. Um homem que se apaixona e manda flores à amada, perde qualquer dureza do seu coração. Os ranzinzas de meia idade, amolecem o coração ao se tornarem avós. Aqueles que já beiram a terceira idade, deixam que o coração dance ao som das músicas do baile. E as jovens, na flor da idade, têm coração de manteiga.

Os rapazes, por sua vez, possuem coração de caçador o qual se enche de alegria quando obtém sucesso nas aventuras românticas. Existem homens que dedicam o amor do seu coração ao espelho, mas nem por isso são duros, apenas desorientados. Intelectuais à primeira vista, parecem não ter coração, nem duro; nem mole, porém sob a couraça maciça, lá estará ele, gelatinoso, sofrendo pela humanidade.

O coração do palhaço, deve ser bondoso e engraçado, o do escritor é um coração que fala, do artista, um coração alado, do padre, um coração que clama, do pobre, um coração que sonha, do esportista, um coração vibrante e do professor um coração que almeja.

Crianças têm coração de papel, noivas, de rosas, bebês de veludo e amigos, de algodão.
Mas depois de tudo isso, alguém poderá dizer: "Então não existe um coração tão duro, que por alguma dádiva da vida não amoleça?"

Eu respondo, com pesar, que coração de mulher traída é o único coração irremediavelmente duro que eu conheço. Nada é capaz de mudar a densidade desse coração. Como um diamante, que é a pedra preciosa mais dura do mundo, o coração que um dia foi enganado e abandonado é o órgão vital mais duro que o universo conhece.

 
 

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