NEVRALGIA
(MINICONTO) |
Francisco Pascoal Pinto de Magalhães
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dor. nervos em frangalhos mal sustenta nos lábios trêmulos o último cigarro. o isqueiro falha e o vento leste feito lâmina fatia-lhe a alma. dor. o coração murcho ainda pulsa, é bem verdade; mas de forma irregular - e o aço da carcassa, a liga que verga e não quebra, é só uma metáfora pobre que não mais lhe cabe. dor. ei-lo pois joguete cujos fios tensos rompem-se dentro do silêncio. ei-lo depositário infiel dos parcos dentes negros que rangem, da gargalhada insana que não irrompe, não ata nem desata e estrebucha e morre agrilhoada nos ferros da intenção. ei-lo louco em sua dor |