NO ÔNIBUS
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Leila Silva
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"Crianças
gostam de fazer perguntas sobre tudo.
O que pode significar horas paradas? Aquele momento que dedicamos à contemplação do teto? Aqueles minutos que nunca passam quando esperamos ansiosamente por alguém? Seriam as horas paradas aquele tempo em que estamos dependurados no barra de apoio do ônibus, estudando a cara dos outros passageiros? Se for isso, então eu tenho uma pequena história: Era uma menininha linda, de mais ou menos cinco anos, acompanhada da mãe. _ Manhê, olha aquele homem lá, ele não tem perna! _ Ahn? _ Aquele lá ó mãe, tá vendo a perna dele, pois então, ele não tem, só tem uma. _ É filhinha, é como o Fulano, lembra? Ele não tem braço. _ Hum hum _ Sabe, ele quase perdeu também as duas pernas, só que Deus foi tão bom que curou as pernas dele, aí ele perdeu só o braço. _ Mãe! Então por que Deus não curou o braço dele também? _ ??? [Aqui, mãe com cara de tacho tentando arrumar uma explicação para o inexplicável] |