A CIDADE GRANDE
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Waldyr Argento Júnior
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Não, não era eu! Eu juro! Deveria ser mais firme e convincente na minha explosão de desculpas... Passaram-se os anos e eu estava ali, parecia esperar que as horas passassem sem que meu corpo sentisse o peso que as voltas do relógio impõem a todos os mortais. Entretanto e apesar de saber disso, teimava em fingir que do nada eu resgataria a vontade de viver e começaria a batalhar pelo meu sonho. Porém, o menino assustado teimava em brotar e de novo me escondia em desculpas esfarrapadas que pudessem maquiar a minha falta de habilidade e o meu medo de não conseguir vencer. Já passavam das cinco da manhã e a madrugada fria deveria me fazer dormir feito um bebê. Todavia, o que havia dentro do meu coração machucado cortava lentamente minha carne e me corroia por dentro, me fazendo perder por completo o sono. Eu tentara inutilmente navegar pelos canais da TV à cabo à procura de um filme que rompesse a minha monotonia e que fizesse com que ao menos temporariamente conseguisse disfarçar o dissabor da frustração. Abri um "Ubaldo" que já havia lido anteriormente pra tentar distrair a tristeza, mas não consegui me interessar nem pelo "lagarto" que dirá pelo "sorriso". E tudo isso por conta das horas perdidas... Às vezes sinto saudade da minha cidadezinha, modesta e silenciosa... Lá tenho a sensação de que muitas vezes o tempo parece passar mais devagar. As estrelas no céu e as noites de luar parecem sempre mais bonitas. Talvez, seja só nostalgia? E
a cidade grande cheia de sinais fechados, Onde foi mesmo que eu guardei minhas garrafas de whisky? |