AS ETAPAS DO AMOR
Adão Jorge dos Santos
 

Tudo pronto. Todos os objetivos alcançados. Era só consumar o fato. Foram meses cercando a presa. Incontáveis e enfadonhos jantares, centenas de rosas enviadas com falsas declarações de amor, tudo feito ate o momento em que ela disse sim.

- Ok! Vamos ao seu ap ou ao meu, perguntou ela, me olhando com uns olhos estranhos.

- Para o meu, respondi rapidamente, antes que ela mudasse de idéia.

A noite prometia ser das melhores. Eu já estava cheio de idéias, só pensava nela e no que escondia embaixo daquele vestido curto. Ela era o meu sonho de consumo.

Assim que chegamos fui logo preparar uma bebida. Ela foi ao banheiro e eu fiquei fantasiando coisas. Coloquei uma música para criar um clima aconchegante. Deixei apenas a luz tênue do abajur iluminando o quarto. Pode parecer arrogância minha, mas eu não estava nervoso. Tudo estava indo conforme havia planejado, nada poderia dar errado.

De repente, antes que eu pudesse fazer alguma coisa para impedir, ela surgiu completamente nua na minha frente. Ela estava maravilhosa, pronta para o uso, como diria um amigo meu. Mas acontece que eu era um homem de princípios e cheio de manias. Se eu consegui conquistá-la, traze-la até meu apartamento, cabia a mim tomar a iniciativa, ou seja, era eu quem deveria tirar as roupas dela, não era função dela se precipitar e sabotar o meu desejo.

Realmente não era para ser assim. Não era mesmo. Talvez ela fosse do tipo liberal, e quisesse facilitar as coisas ficando nua, e que não dava a mínima para o pudor. E sem perceber a conseqüência que seu ato havia produzido em mim, sorria maliciosamente.

Eu confesso que não sabia o que fazer. Tinha na verdade duas alternativas: prosseguir com ela nua e ignorar a etapa perdida, ou então, em último caso, pedir para que tornasse a se vestir, para que eu pudesse realizar minha fantasia.
Enquanto pensava numa solução, ela se aproximou e antes que eu pudesse esboçar reação, fui completamente dominado e seduzido. Foi impossível resistir a sua investida, afinal, como diz aquele ditado, "a carne é fraca", e fraquejando de corpo e alma, sucumbi à tentação e me deixei levar.

Depois do ato consumado, com um cigarro entre meus dedos, e olhando ela nua ao meu lado, percebi que esta mania que eu tinha de querer despir as mulheres com minhas próprias mãos, não era assim algo tão terrível. Então, entre beijos e amassos, sussurrei em seu ouvido que tinha um desejo. Ela escutou, sorriu languidamente e começou a se vestir. A noite estava apenas começando.

 
 
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