LETRA, PONTO E VÍRGULA
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Zeca São Bernardo
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Há algum tempo atrás procurando um o que fazer para ganhar algum dinheiro entrei no primeiro concurso de contos de que participei...lembro bem, foi numa das edições do celebre e concorridissimo Concurso Nacional de Contos Cidade de Araçatuba. Já fazem cinco anos! Quem diria, cinco anos que escrevo ineterruptamente. Cinco anos que procuro todos os dias por alguma poesia perdida em algum lugar. Seja na minha alma, no meu coração, em minha mente - que sei - um tanto limitada. Somaram-se concursos e mais concursos, vieram alguns prêmios. Tantas antologias empilhadas na velha estante, todas com um ou outro trabalho meu. Se ganhei dinheiro escrevendo? Alguém pode perguntar-se e terei que lhe dizer a verdade: nenhum mísero centavo! Por que continuo, já que num primeiro impulso comecei á escrever objetivando ganhar uns trocos em algum concurso? Mais uma vez terei que ser sincero: porque escrever é bom demais! A vida revelou-se outra desde que comecei a juntar letras e mais letras, a distribuir pontos e virgulas aqui, ali e acolá! Da- me tanto prazer que já quase não lembro do dito dinheiro que tanto queria ou precisava ganhar...e me disseram que era impossível ser feliz sem dinheiro. E me disseram que nunca, ninguém publicaria - se quer - um trabalho meu. Eu estava perdido e não sabia! Família, amigos e vizinhos diziam-me que faltava-me algo e que notadamente esse algo teria que ser preenchido. Quis crer que fosse o dinheiro, quis crer que fosse um pouco mais de sorte ou mesmo um novo amor! Como estava errado, não lembro-me mais nem quando e tão pouco onde me perdi. Já o dia em que me reencontrei nunca poderei esquecer. Hoje sei que visões do amor, da vida e da morte cabem entre linhas. Sejam elas minhas ou a de outros colegas que aprendi a reconhecer e a dar valor. Surpreenda-se também! Pegue papel, lápis ou caneta fica a seu critério e ponha-se á escrever. Permita-se o exercício supremo da palavra escrita! Conte suas histórias mesmo que nunca as assuma como suas, divida conosco suas venturas e desventuras e lembre-se que nesse mundo de palavras cabe qualquer sonho. Não há impossíveis, tudo é crível, possível e dou fé como testemunha de mérito e conhecido no meio de que escrever muda o ser humano. Dá-lhe novo fôlego, abre-lhe a mente para outros tantos ângulos das tais coisas simples da vida, as mesmas que ás vezes deixamos para lá... |