FORMAS
- ÚLTIMA PARTE
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Eduardo Prearo
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Magno não achou Margot na praia, nem no sotão, nem em parte alguma. A empregada está sumida há mais de duas horas. --- Gaivotas lindas! --- Margot?! Onde você estava? Vá. Vá terminar o seu serviço. --- Eu estava por aí. Deu na rádio que um furacão está vindo nesta direção. Então assustei-me. --- Ih, pronto, irei perder tudo. --- Mas você não tem seguro, meu amigo? --- Senhor, por favor. Não, não possuo seguro e também não sairei desta casa. --- O nome do furacão é Baila. --- Ele baila? Bom, vamos entrar. Fique fria ou calma. Parta. --- Baila talvez chegue dentro de uma hora. É maldição! Este lugar é estranho e maldito. Como o senhor me explica uma pia retângular ficar de súbito redonda? --- Não sei. --- Gosto daqui, de trabalhar pro senhor, sabe. Na aldeia, na cidade grande, sinto-me uma incapaz. Certas pessoas dão-me a entender que não possuo capacidade pra nada ou quase nada. E agora...bom, esse furacão é só um pesadelo. Magno entra em casa e resolve abrir correspondências. Margot vai para a cozinha e começa a atirar os pratos no chão, mas eles são inquebrantáveis, são de porcelana inquebrantável. Magno lê a carta de um fã: "Adoro
o que você escreve, mas ****** ... ... ...
Não consigo estabilidade finan- ¨¨¨¨¨¨ ... ... ..." --- Senhor Magno, há uma senhora na cozinha que me disse que se chama Greta Garbo. E ela está fazendo uma omeleta. Me pareceu de mau-humor, viu. Ela disse também que veio do laboratório que fica próximo da aldeia. Acho que ela é fruto dessas reproduções assexuadas tão em voga. --- Ovos? Esse ovos da aldeia são todos fecundados, Margot. Ele têm aquelas cicatrículas. Você não percebe, não percebe? --- Não, não, não. --- Calma, não mexa assim os cabelos como um cavalo, calma. --- Eu...eu tenho uma surpresa para o senhor. --- Como? --- Não quero vê-lo sofrer. Resolvi levá-lo antes do furacão. Sou a morte também. A surpresa é esta, é esta pistola automática. Dê uma olhada nela. Não é linda? --- Você...você vai me matar e ficar com a Greta? Bem que eu desconfiava. --- Vou me vingar por Liliana e Das Dores. Sete tiros em um porco ainda é pouco. Greta Garbo entra na sala e se senta. Acende um cigarro e põe seu copo de uísque sobre a mesinha da sala. --- Mate-o logo, Margot. É só um pesadelo, não é? Margot dispara contra Magno e ele cai no carpete bege, soltando o ronco da morte. Margot e Greta Garbo começam a ter um ataque de riso. --- Espere, Greta. Acho que o furacão foi embora. Que calmaria! --- Ah, ah, estamos salvas. Greta vai até a janela e então grita, grita: --- Margot, ah Margot. Uma onda gigante está vindo contra nós. Ohhhh. |
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