AS AVENTURAS DE FLORIANO:
EM BUSCA DE UM FIM? |
Bruno Pinheiro de Lacerda
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... E Floriano saiu para a luta. Logo Floriano, que não gostava de lutas, que nem se interessava por saber histórias de luta, logo Floriano, um jovem tão pacífico, saiu para lutar... Saiu para lutar? Sim, leitor: são as surpresas da vida. Floriano pegou suas armas (escudo, espada e lança) e foi. Para onde? A princípio ele não sabia. Ele só tinha certeza de uma coisa: que iria ao encontro de Venâncio. Nosso protagonista saiu por aí pedindo informações a todos. Onde estaria aquele infeliz? Colhendo várias informações, muitas contraditórias, muitas falsas, mas várias delas verídicas, nosso "herói", que não gostava de ser um guerreiro, mas agora já o era, conseguiu descobrir o paradeiro de seu inimigo. O "mal-feitor" estaria já em uma floresta, vizinha à cidade onde o "mocinho" dessa história vivia. Floriano foi até a floresta. Felizmente para ele, nosso antagonista não sabia que havia conseguido um inimigo. Venâncio não esperava que Floriano, afamado naquela cidadezinha por ser tão pacífico, fosse ao seu encalço. Então, não apagou suas pegadas que estavam ali, claras, evidentes, para qualquer um ver, no chão daquela linda floresta. E Floriano caminhava, seguindo aquelas pegadas. Ele pretendia surpreender o "vilão". O protagonista caminhou dia, noite e mais um dia, determinado, rancoroso, infeliz. Então, ao por do Sol, "os contrários se cruzaram". Pouco antes desse acontecimento, Floriano pensava: "-Maldito! Infeliz! Demônio! Vou acabar com ele!" Venâncio nem tinha idéia de que iria encontrar com o inimigo; aliás, ele ainda nem sabia que o tinha! Então, ele não pensava nada que valha a pena escrever para você. Ao avistar Venâncio, Floriano não hesitou nem pensou meio milésimo de segundo sequer, só disse, erguendo, com seu punho direito, sua espada reluzente: - Defenda-se, seu assassino! Mas Venâncio nem teve tempo. A espada de nosso pacífico Floriano cravou no peito do "vilão". Todavia, agora sim o "mocinho" deteve sua mão, trazendo sua espada para perto de si. Venâncio, assustado, sangrando, caiu para trás e ficou estendido no chão. Se ele não estivesse usando sua armadura, provavelmente, agora, estaria morto. Felizmente para ele e para nossa história também, ele só estava ferido. Contudo, Floriano havia ferido um homem. Floriano quase matou um homem. Contudo, como isso era possível? Floriano era pacífico, não gostava de matar, não queria matar... Será que não queria? Venâncio havia matado os pais do protagonista, sem motivo algum! Sim, o nosso "herói" queria sim matar o "vilão". Queria? Não queria? Queria? Ele estava em dúvida, estava com muita dúvida. Nosso protagonista refletia muito... Sua cabeça fervilhava, um monte de pensamentos passavam por ela. Porém, fizesse o que ele fizesse, pensasse o que ele pensasse, ele quase havia matado um homem... Venâncio ergueu-se e disse: - Nunca deixe um serviço sem terminar, aprendiz de guerreiro! Você devia ter me matado, mas como não o fez, vai pagar por isso! Ninguém - ouviu? - ninguém, ninguém mesmo me atinge no peito sem ter troco. - Pois venha! Lute! E eu acabarei com você. - Floriano disse, com muita raiva, com muito ódio. Venâncio, porém, saiu correndo e desapareceu na escuridão da floresta. E Floriano ficou ali, pensativo, mais triste que antes. Ele iria desistir? Não, não podia, era questão de honra! Ele tinha de vingar a morte injusta de seus pais! Mas... Atingir um homem desprevenido também não era injusto? Certo é, leitor, que Floriano, uma pessoa de tanta paz, que não gostava de lutas, que não queria ser um guerreiro, agora o era e havia quase matado alguém. Surpresas da vida... Mas nosso "herói" seguirá seu caminho... |