DOR FINGIDA
Adão Jorge dos Santos

Cansei de esperar que a esperança viesse em meu auxilio. Que me ajudasse a parar de sofrer, que esta ferida que me machuca deixasse de ser sentida, que fosse na verdade uma dor fingida surpreendida. Sei que sofro. Não escondo. Esconder pra quê? A dor é minha. Só minha. De mais ninguém.

A esperança que ainda tenho, às vezes se cansa com o compasso lento desta monótona dança que é a minha vida, porque, suspendida a dor fingida, a ferida deixará de ser sentida. E uma vez não sentida. Não haverá sofrimento. Mas assim mesmo continuo sofrendo. E olha que sofrer assim do jeito que sofro não é para qualquer um, não mesmo.

A dor que sinto persiste. Insiste em querer ser sentida, mesmo eu sabendo que ela é fingida. E sendo fingida, não pode ser sentida. Portanto, ela é fingida. Se é fingida, porque sofro tanto. Será que estou ficando louco? Talvez. Mas a dor que sinto é verdadeira. Tão verdadeira que chega a doer de verdade. Qual será a causa deste meu sofrimento? Não sei. Juro que não sei. Sei que sofro.

Será que não há mais esperança? Sera que esta dor que sinto é mesmo fingida? Sei lá. E mesmo a dor sendo fingida, sinto que há uma ferida aberta em meu coração. A dor é tanta que até sangra. E você nem sabe que sofro.

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