VIAJAR É PRECISO
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Virgínia Círchia Pinto
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Desde que o mundo é mundo o homem viaja, ou tem o desejo de viajar. Nos primeiros tempos viajar era difícil e perigoso; significava a descoberta de novos domínios, novas civilizações e novos mercados. Nos dias de hoje, viajar ficou ao alcance da palma da mão e o homem, definitivamente, está com o pé na estrada. Cresci ouvindo histórias de viagem. O relato da vinda de meus antepassados italianos para a América, a passagem deles pela Argentina, meu avô materno viajando pelo interior transportando gado, os avós paternos migrando de Minas para São Paulo. Eu ouvia tudo isso e ficava imaginando como seria o mundo além dos muros de minha casa. |
Algum tempo depois, nas aulas de e geografia e história descobri a amplidão de nossa Terra mãe e a partir dos mapas, pude entender o movimento que seria possível fazer viajando. Os mapas me fascinam até hoje. Enquanto
eu crescia, os aviões começaram a fazer parte habitual de
nossas vidas. Dona Fanny, amiga querida, sentava comigo na escadaria da
casa de nosso sítio e ficávamos olhando o rastro que os
aviões deixavam no céu e pude saber de sua primeira viagem
no Zeppellin. Aquilo me enebriava. Já adolescente, o sonho de minha geração era a Disney. Por sermos quatro irmãos este sonho nunca foi possível, pois íamos todos ou não ia ninguém e não era um programa acessível para a classe média da época. Nossas viagens de férias eram na casa de praia, com os incontáveis amigos. A emoção de aprender a dirigir um carro na areia rente ao mar ou apenas olhar para o horizonte imaginando a África do outro lado do oceano, era alimento à alma e a melhor forma de ser feliz. No final do século XX com o fim da Guerra Fria, a abertura dos mercados e a globalização, o sonho de viajar ficou ao alcance das pessoas comuns e o mundo foi invadido por turistas. Nunca se transitou com tanta facilidade por infinitos lugares deste planeta. Até viagens espaciais se tornaram possíveis às pessoas comuns, desde que o turista tenha uma boa conta bancária. Quem viaja, mesmo sem saber, vai em busca de suas raízes e da alma nômade do viajante. A idéia de que poucos turistas privilegiados poderiam correr mundo vai a cada ano se ampliando e hoje você e eu podemos viajar, não importa o destino, pode ser perto ou longe, o importante é a sensação de ir e um dia poder voltar. O maior patrimônio que se traz de uma viagem são as lembranças. Elas são eternas e irão conosco para o paraíso, sem passaporte! Vamos? |
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