POR QUE MULHER COMPLICA TANTO?
Adriana Vieira Bastos
 
 

Ricardo falou a Jonathan, ao comentar sobre a insistência de Ana vir com aquela estória de discutir a relação. Sentia-se paralisado cada vez que ela o pressionava. Não entendia o que tanto queria discutir. De acordo com o seu ponto de vista, vinha tentando fazer tudo certinho. Vez ou outra, até deixava de ir ao futebol com os amigos, para engolir aqueles filminhos “água com açúcar”, que ela tanto gostava.

Jonatham, bom anfitrião, solidário ao amigo, foi à cozinha, encheu-lhe o copo de vodka e concordou – “Talvez aquele escritor estivesse correto ao afirmar que “Homens eram de Marte, e mulheres de Vênus”. Passada a curiosidade, a fase da conquista, nos deparamos com o verdadeiro enigma – o quanto é difícil satisfazer uma mulher. Nada está bom pra elas. Também enfrento esta tortura com Paula. Vai ver, é por isso que as duas são tão amigas...”.

Ricardo, achando graça do comentário do amigo, completou rindo: “ - Por que elas não poderiam ser um pouquinho só parecidas com a gente?”. Homem passa horas conversando sobre futebol, trabalho, mulher, moto, computador, play-station, e quando há divergências, não tem melodrama. Quanto muito, umas “porradas”, e pronto. Não tem esta de ficar remoendo...”.

Já, na casa de Ana, era ela a desabafar. “ - Homem é tudo igual”, disse, inconformada com o destempero de Ricardo, só porque havia proposto saírem a sós para conversarem sobre algumas coisas que a estava incomodando

“- Já vi esse filme, amiga. No meu caso e de Jonathan já virou seriado, sem direito a final feliz”, respondeu Paula. “- Só queria entender o porquê deles confundirem tanto cumplicidade com invasão de intimidade e ficarem tão na defensiva e escorregadios.”, completou.

Pronto! Estava armada a guerra dos sexos.

Cada um, repleto de verdades, contestava o modo diferenciado do outro encarar o mesmo fato. E a solidariedade, então, rolava à solta.

No entanto, conversa vai, conversa vem, as horas foram passando e, embora distantes, Ricardo e Ana, Jonathan e Paula, foram se aproximando de um ponto em comum - diferenças à parte, no caso deles o que havia mesmo era acabado o amor. E quando o amor acaba, não há diferença que resista...

Um pouco mais conformados com a descoberta, e cansados de falarem mal dos ex-amados, optaram por falar de si mesmos. Sem perceberem, deixaram vir à tona segredos nunca antes revelados. E, surpresos, com sonhos em comum se depararam..

Assustados, aumentaram as doses e, mais leves, não perceberam o efeito das bebidas se intensificando e o clima aumentando. E tanto aumentou, que se renderam a intensidade daquela súbita paixão.

Hoje, Ricardo e Jonathan, Ana e Paula, felizes e apaixonados, não têm mais do que reclamar. Eles, nas “porradas”; elas, discutindo a relação, vão tocando a vida com muito amor.e empolgação.

A única coisa que os incomodam é o preconceito que passaram a ter de amargar. Tudo porque encontraram entre si a alma gêmea que tanto buscaram. Mas, animados e dispostos, não se intimidam quando se deparam com alguma alma pequena. Nesta hora, em si bemol, cantam em duo - “... qualquer maneira de amor vale a pena, qualquer maneira de amor, valerá...”.

 
 

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