A MEIA LUZ
|
Vera do Val
|
Ele abriu a porta sem ruido.Seus olhos demoraram a se acostumar a obscuridade. Pé ante pé atravessou a sala ampla e subiu as escadas. Um degrau rangeu. Parou imóvel. Nada. As portas lá em cima continuavam fechadas. Continuou a subir.Girou a maçaneta do quarto com cuidado. Ela estava lá. Deitada e nua, a meia luz.. Ressonava. A pele muito clara reluzia. O homem ficou alguns minutos a contemplá-la. Nunca a vira assim, afinal, era a garota do Chefe. Diabos! Podia ter sido mais esperta. Tinha sido tão fácil! Só precisara de dois dias para segui-la. O amante era quase um menino. Detestava matar crianças. Mas chefe era chefe e trabalho era trabalho. Não se discute. Aproximou-se mais. Viu o chinelinho de seda atirado ao lado da cama. Abaixou-se e arrumou direitinho. Um ao lado do outro. Merda de vida! Os cabelos escuros se derramavam pelos travesseiros. Tinha a nuca exposta. O tiro foi certeiro, ela só estremeceu. |