MÉDIA-LUZ
|
Contigo
à media-luz... Roberto ao ouvir a canção, estremeceu. Veio-lhe a lembrança seus momentos com Lúcia. Tomado de coragem, telefonou-lhe. Saiu. Noite fria. Não se incomodou. Andou rápido, e em dez minutos tocava a campainha de seu antigo apê. Ela nem precisou abrir a porta. Ele impetuoso abriu-a. Apagou a luz forte da entrada. Ficaram á meia-luz. E nesse lusco-fusco enlaçaram-se e os sentimentos, num único, se uniram. Dois minutos de paixão. De mãos dadas sentaram-se no divã branco. Passou-se tempos eternos. Ele, de costas, não ousava encará-la. Brincava com as almofadas escurecidas, imbricadas em trenzinhos de todos os tons verdes. Alguns rosas. Ela
virou-se. Lágrimas escorriam de seus olhos. Levantou-se para disfarçar
e serviu-se de um martini. Esqueceu-se de lhe oferecer. Lúcia, perto da janela, abriu um livro e começou a folheá-lo distraidamente. Sem parar. Disfarçava lágrimas furtivas. Ele conservou sua postura. Lúcia
postou-se em sua frente, e com o dedo apontou o envelope na mesinha. Quase nada se via. Alguns barulhos vinham da rua, buzinas sons da meia-noite, bulício, pessoas rindo alto. Ruídos alegres marcavam esse final de semana. Ela voltou-se e lhe pediu a chave, com firmeza. Ele deixou-a na mesinha da saída. A porta permaneceu aberta.Nem percebeu. Ela seguiu-o com o olhar. Ao lado da chave, a carta anônima. |