CONFISSÕES MEIO IDIOTAS
Leila de Barros
 
 

Ninguém que seja considerado um idiota pode ser feliz. Lembro-me do sorriso do Curinga no filme do Batman, que devido a uma paralisia ou queimadura nos músculos da face passava sempre a impressão de estar rindo. Ria principalmente das torturas que aplicava nos outros.

Não há felicidade na ignorância, na alienação. Há uma falsa posição de contentamento nesses casos, que engana aos olhos, mas apaga a chama da evolução.

Aqueles que se apagaram para a vida às vezes sorriem aquele sorriso alienado de desconexão com a realidade.

A imbecilidade é a anulação do progresso, da vontade ativa, da busca inerente a todo e qualquer ser humano pensante. Ainda que pensar possa doer um pouco, é preferível mil vezes ser um pensador dolorido do que alienar-se para o novo, para as mudanças, para o progresso. Confesso que muitas vezes penso que a televisão atual tem uma intenção sutil de imbecilizar o povo. Não vejo um conteúdo televisivo na TV aberta que tenha a intenção de educar, levar a reflexão, divertir sem alienar. Povo que pensa, sabe escolher e decidir. Que perigo, hein!

Enquanto isso, os detentores do poder de entretenimento enfiam goela abaixo todo e qualquer tipo de anestésico do pensamento reflexivo.

Não que seja necessário filosofar vinte e quatro horas por dia. Mas, a imbecilidade não traz a felicidade, traz o entorpecimento dos sentidos e torna as pessoas vulneráveis à influência do poder de terceiros.

A inocência e a simplicidade podem ajudar as pessoas a serem mais felizes e a compartilhar essa felicidade. Mas, são ingredientes complementares.

Só a espiritualidade e o conhecimento podem trazer a felicidade, pois induzem o ser humano a pensar, a tomar decisões por meio do aprendizado. E a maior conquista de uma pessoa é sem dúvida, a sua liberdade de pensar e agir.

Penso, logo existo e portanto, confesso: sou feliz!

 
 

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