CANÇÃO DE NINAR GENTE GRANDE
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O quarto em silêncio e penumbra. A cama guarda teu corpo, ainda vestido - tamanho cansaço que te levou ao descanso. Dispo-me das preocupações mundanas e entro em silêncio. Pé ante pé, suavemente, procurando não perturbar teu sono de menino perdido. Faço cafuné em tuas costas. Nada falas. Nem um suspiro, um gemido: nada. Mas começo a sentir teu cheiro de homem e me excito. Melhor parar, pois te convém esse repouso de guerreiro cansado. Ao retirar minhas mãos ouço um leve gemido, sussurro leve, quase imperceptível. Saio do quarto. O filho chama - pede ajuda pro texto que trata de sociologia. Pobre de mim, quase uma sociopata perdida numa cidade de paspalhões rimantes, revoltada com a falta de confraternização, solitária entre transeuntes. Minha cabeça está nas nuvens: atada ao desejo, à sensualidade das tuas costas másculas e nuas. Volto ao quarto, me dispo, guardo meu tesão e permaneço pensativa ao teu lado. O escuro me abraça. Mas a madrugada é surpresa: me tomas, entornas teus caldos gozosos em minhas entranhas. Adormeço. |