PARA VOCÊ, COM CARINHO
Marco Britto
 
 

"Para que os olhos verdes,
se posso tê-los vermelho.
E se o vermelho de meus olhos,
vem do verde da natureza?"
- Bob Marley -

Para que pensar em teus olhos verdes se estes só fazem os meus tornarem-se vermelhos? Porque sentir tanto não a ter se nem mesmo o tempo me faz te esquecer? Sim, perdi você, não tente entender, ainda te amo...

Não pense que tô pretendendo copiar a letra daquela música onde o Peninha se lamenta! Não, não é isto! Ele não se lamenta tanto quanto eu... Mas é como me sinto neste momento... É como se o diabo da letra tivesse sido arranjada justamente pra este instante da minha vida, preso nesta mesa vagabunda de bar...

Já me disseram que você não toca mais no meu nome... Nem mesmo quando tá numa dessas farras que agora deu pra freqüentar. Eu sei que tu anda dando bola pr'aquele português obsceno. Tô sabendo dos teus passeios vespertinos com aquela mini-saia indecente e dos olhares depravados com que aquela corja de vagabundos do boteco come com os olhos estas tuas coxas e bunda que um dia foram minhas (é por isto que não apareço mais por lá... Pra não ter que enfiar a mão na cara de um!). Mas sei que tu só faz isto porque tá sozinha...

Olha, não tô pedindo pra voltar... Cê bem sabe que tô arrependido. Mas só volto se tu entender o quanto meu arrependimento é verdadeiro e o que você ouviu a meu respeito é sincero... Eu não pedi a ninguém que te falasse do meu remorso. Se alguém disse alguma coisa é porque percebeu a verdade...

Olha meu Quindizinho, nem mesmo sei se esta vai chegar nas tuas mãos. Acho que só tô escrevendo por conta da cana que tô tomando... Acordei pensando em você e então vim afogar minhas mágoas. O dia já veio e se foi. O sol já se pôs, a noite acordou, escutou meu lamento e deixou a madrugada me fazendo companhia... Meus lábios já secaram com se tivesse comido todo o salitre deste mar de Copacabana bem como já secou minha saliva. Não sei se de tanto cuspir ou se do teco que dei junto com o Paulinho lá na linha do Arpoador. Paramos lá perto da viração das oito horas... Eu, com os olhos caídos ligados no seu olhar, como se você estivesse ali, com seus lindos olhos de fogo...

Olha, minha pedrinha de brilhantes, se tu quiser acreditar em mim pode acreditar. E se quiser voltar é só mandar me avisar que tiro meus trapos da casa do Paulinho (que cara, viu?) e me mando na mesma hora. Por enquanto me desculpe se escrevo num guardanapo de papel mas é que bateu a inspiração e a estas horas não dá pra passar a limpo.

Com carinho,
seu Alfredo.
P.S.: Num leve em consideração meu português. Tu bem sabe que quem escreve bem é você e que as letras nunca foram mesmo meu forte.

 
 

email do autor