DAS SETE ÀS SETE E CINCO
Um pagode velho, um intérprete verde |
...quase não sonho, acordo, o despertador me toca, é como alguém te ligando, eu sempre atendo pra depois perceber que ninguém está me ligando, alô com a voz enluvada em latex, engano, quando acordo espreguiço agarrado ao pau duro, acordar sempre é tesudo, minha preta de lado dormindo baixinho ressona, lindamente sonolenta balbucia coisas que eu não escuto por que estou na cozinha passando a cara no café frio que descansa na xícara de ontem, ufa, parece ainda que durmo, sonâmbulo me arrasto até o box, sou morto-vivo, quase morto, ainda vivo, debaixo da água morna me derreto, daí que quase durmo, ou nem acordei direito que me sento devagar na cerâmica em posição de lotus, simulo técnicas de meditação em que tenta-se sentir o ar entrando e saíndo dos pulmões, declaro: não é nada fácil meditar debaixo d'água, adormeço, batem na porta e acordo sobressaltado como se houvessem me flagrado de pau duro na mão cantando histórias, tô saíndo neguinha, acordo, minha preta quer mijar... |