Existem duas maneiras de se entender uma mulher.

A primeira é aceitar que as coisas são sempre como ela quer, pelo menos quando você pensar o contrário. Saber elogiar a roupa, a maquiagem e o corte de cabelo que você absolutamente não notou. Distinguir todos os tons de rosa e laranja do mundo e ainda ter o seu preferido dentre eles. Nunca, em hipótese alguma, dar uma resposta direta, seja ela qual for, quando elas perguntarem se parecem gordas. Ter vontade de sair quando ela tiver, ter vontade de ficar em casa quando ela tiver. Ser cúmplice nas mudanças de humor e de idéia. Se render aos desejos dela quando faz aquelas carinhas manhosas e pidonas. Morrer de rir de uma piada boba que ela contar e estar pronto para explicar que não está rindo dela. Não fumar ou beber quando elas estiverem por perto, porque possivelmente elas detestam isso. Não se importar que ela não coma carne vermelha. Adorar a barriguinha de fora, porque ela é linda, e ao mesmo tempo torcer para que ela ande sempre coberta, exatamente porque ela é linda. Admirar a inteligência e o talento dela. Ser capaz de passar horas e horas olhando os olhos escuros enquanto eles te olham. Tocar sua mão de unha pintada e semidesbotada e saber que ela se importa com aquilo e ainda o usaria como desculpa para essa preocupação. Anotar no caderninho, para nunca mais esquecer, que amigos não servem como amantes, mas amantes têm que ser amigos - e, daí, passar a vida tentando encontrar uma maneira de tornar essa matemática possível. Estar preparado para conversas que deveriam ser trocadas por beijos. Beijá-la com calma, mesmo que sua vontade seja de arrancar um pedaço dos lábios macios dela, e beijá-la ardentemente quando quiser apenas ficar abraçado. Meter as mãos nos cabelos dela e rezar para todos os santos que elas nunca precisem sair de lá. Tocar seu rosto, seus braços, suas costas e ter a sensação de que não se satisfaria enquanto não conseguisse fundir sua pele na dela. Sentir a língua dela buscar suas orelhas e se conformar com o triste fato de que ela em alguns minutos terá que ir embora. Gostar de quando ela acariciar sua nuca quando perceber que você está aborrecido por ter errado o caminho. Achar perfeitamente natural que após a melhor noite da sua vida - e dela, pode apostar - ela comece a repensar se deve levar a relação adiante. Ouvir negações quando disser que sua roupa e seu corpo ficaram impregnados com o perfume dela depois dessa mesma noite. Cobri-la de flores e chocolates e surpresas, só para vê-la dando gritos de genuína alegria, e não se assustar quando ela fizer parecer que aquilo é ruim de alguma forma. Admitir que você nunca conheceu alguém como ela e que seria a maior estupidez do mundo se vocês se separassem. E, principalmente, ficar como um louco esperando que ela admita isso também.

A segunda... Bom, a segunda é fingir.