ETERNA IDADE DA HISTÓRIA
Rosi Luna
 
 

Quanta saudade brilha em mim
se cada sonho é seu
Virou história em sua vida
mas pra mim não morreu
[Milton Nascimento]

Gosto do estilo dele, combina o estilo dórico que envolve toda uma simplicidade com o jônico, que parece impregnado de formas orientais. Como pude me apaixonar por um escultor da Grécia Antiga, que passa o tempo construindo templos. E nem sei o que fazer para lhe roubar umas horas, de seus contratempos.

Imagino as mãos dele, como algo tão grandioso que nem posso tocar. Percebo que o seu aperfeiçoamento com essas pedras poligonais o faz cada dia moldar melhor. Suas mãos vivem para o ofício, e alguém vive para o sacrifício, nem me diga que sou eu.

Tempos helênicos esses, que Prometeu me promete e não cumpre. Como vestal fico com o fogo aceso na eterna idade da História, esperando que ele me abrace e me leve pra ilha do Mar Egeu. Ah! Prometeu, prometeu.

Fama é um negócio que corre rápido, soube que o filho de Júpiter, que atende pelo leve nome de Vulcano, acaba de inventar o raio.Quero que um raio parta minha cabeça, se continuar pensando no que me disseram. Com um pouco de argila e água, ele moldou uma mulher e colocou tantos atrativos que os deuses resolveram colaborar adicionando alguns dons e deram o nome de Pandorra. Esse mundo é mesmo uma zorra, é uma caixa onde tudo se encaixa. Quer saber a notícia da "A Última Hora do Olimpo": Por Júpiter! Concederam a mão de Vênus a Vulcano.

Esse negócio de casamento nem sempre funciona, é uma fachada, como a fila de colunas gregas. Vênus gostava mesmo é de Adônis e esse morreu com um ferimento de javali. Deus me livre de estar ali. Mas Vênus era quase uma Anna Nery e cuidou dos ferimentos até o último instante. Ela implorou aos deuses para que perpetuasse seu amor para eternidade.

Os deuses não movimentaram um dedo pra mexer com o além, e mandaram ela encapsular seus desejos. Nem me façam falar, ôps, contei. Mais tarde Vênus viria a se tornar um amor aprisionado, com o nome de camisinha de Vênus.

E dizem ainda que os gregos que tinham sempre a pira muito acesa, não quiseram muito saber de amores presos. Fala-se que o bom e velho sexo livre ainda é o mais apreciado desde o tempo antigo.

Contam que Júpiter, mandou ela dá um sumiço no filho. A história não deixa claro, como ele conseguiu sobreviver no bosque alimentado por leoas, mas o fato é que apareceu o" Cupido ou Amor", filho de Vênus. Ele anda atirando suas flechas pra tudo que é lado. Espero que ele consiga atacar uma bem na bunda do meu escolhido, o tal escultor.

Sabe, esses gregos tem uma língua comprida, falam mal de Vesta, que por um acaso do destino sou eu. Aonde fui amarrar meu bode, bem no mapa da Grécia Antiga que abrange o sul da península Balcânica. Tiveram a capacidade de dizer que a moça, nem vou evidenciar que me dei ao desfrute, não guardou castidade por trinta anos, que era o habitual na Grécia antiga. Sem falar, que ficaram numa roda com aquelas coroas de louros, cada um se gabando mais que o outro e com um certo despeito, inventaram que ela tinha uma fila de apaixonados. E que toda hora colocava seu vestido branco de um ombro só, com flores na cabeça e saia com Cupido para procurar amores.

Nem pense que é galinhagem, que nesse tempo o lance era adorar a vaca, que avacalhação, né! Esses homens gostam de meter a boca na mulher que só queria mostrar que a chama do amor não dá pra apagar, fogo templo acima e água ladeira abaixo em solo pedregoso ninguém segura. "As águas vão rolar, quero ver o Cupido segurar... saca, saca, saca-rolha, eu bebo até... Baco me chamar".

Espero que antes da eternidade, antes de todo o machismo desses dotados zorbas gregos, antes das múmias, dos sarcófagos, de toda mitologia e com muita magia que ela ame e derrame todo seu amor em forma de letras de Creta ou de seta e que acerte a direção do seu eleito. E que o Cupido com seu treinamento de flechas na equipe olímpica, não deixe escapar o tiro certeiro - bem no coração.

 
 

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