UMA PEQUENA DESCRIÇÃO
PARA UM PEQUENO PERSONAGEM II |
ficou quieto apesar do rádio num volume alto, das vozes na outra ponta do balcão, sentiu o silêncio que o outro deixara, parecia que uma eternidade se rasgara ao ver o banquinho desocupado, sentiu o vazio, esse companheiro que o seguia para todo e qualquer lugar, para quebrar esse silêncio ou preencher esse vazio, quem sabe, pensou em seguir o rapaz de olhos amendoados e meio saltados, pensou mas, desistiu, desistiu porque desejou que acontecesse umas daquelas cenas cinematográficas e, o rapaz voltasse mudando assim um pouco sua vida, quebrasse o vazio de silêncio que enchia sua alma ou mesmo voltasse por voltar simplesmente, quem sabe o que poderia acontecer nos pequenos segundos que antecedia nossas vidas, ou talvez, indo um pouco mais além na imaginação, ficasse intrigado com ele que o observava e viesse pedir explicações, perguntasse o porque dele estar olhando-o, o que pensaria? mas tudo não é cinematograficamente falando, o rapaz não voltou, portanto só tinha que se contentar com sua imaginação, e tomando um longo gole de cerveja, perguntou: que trajeto será que ele faria? cruzaria a rua, passaria pela galeria e entrava na estação para pegar o metrô, esse era o caminho que ele faria, no entanto ele não era o rapaz e nem sabia se ele tomaria uma condução, talvez nem fosse para casa, pensa que todo mundo é como ele? não era não, sendo um rapaz provavelmente encontraria com um amigo ou com a namorada e curtiriam a noite num barzinho, apesar de ser segunda-feira, tudo se tornava especulações que ele criava mentalmente os passos do rapaz, e qual seria o nome dele, precisava colocar um nome, pois como identificá-lo se não tinha nome, pensou um pouco e escreveu: ELE |