A FESTA DO CÉU
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Fui
chamada para uma festa. O convite veio pela mídia. Durante dois
dias noticiaram o eclipse lunar na madrugada do dia 15 de maio de 2003. Vinte
e duas e trinta. Horário previsto. Olhei a noite clara e lá
estava a Lua Cheia. A mesma Lua de todos os tempos. A Deusa dos Antigos.
A grande "conquista" da humanidade do século passado. As estrelas, talvez inconformadas com a escuridão, aumentaram seu brilho. Chamaram outras e mais outras. Luzes e mais luzes. As nebulosas, com suas estrelas pequenas e tímidas derramaram suas névoas por todos os lados. Talvez disseram: nós existimos também. Somos bilhões, trilhões, mas permanecemos no anonimato. E neste momento estamos aqui, assustadas com o sumiço da Lua. Nuvens quase transparentes, empurradas pelo vento, passavam rapidamente em frente à Lua escura. Um
cometa curioso e apressado riscou o céu. Sentiu que não
era hora de passear e rapidamente tomou seu rumo. Antes
que o nosso pequeno Asteróide terminasse seu passeio, as trevas
ganharam cores. Indefinidas: vermelha, cobre, marrom, preto? Uma mistura
exótica. As nuvens, mais espessas, ganharam um halo dourado. Já
era madrugada quando a Terra terminou sua caminhada. Aos poucos as cores
da Lua foram desaparecendo e a luz prateada voltou. As estrelas e as nebulosas,
respeitosamente, diminuíram seu brilho. Neste instante eu me encolhi. Vi minha insignificância diante do Universo. Um grão de areia. Um
grão vivo. Pulsante. Que vive na mais completa cegueira. E a Natureza,
em poucas horas, me proporcionou uma lição de eternidade. |