CONVERSA DE BOTEQUIM
Pedro Luiz Cipolla
 
 

- Pô! O Passarinho morreu...

- Caiu da gaiola?

-Não! O Passarinho, aquele meu compadre...

-Ah! Aquele que faz aquele programa de baixaria na televisão?

-Não burro, aquele é o Ratinho!

- Também é bicho, e pequenininho.

- Gente boa... Acho que morreu de tanto passar dificuldade.

- Ué! Mas ele não é milionário?

- Milionário é o Ratinho que tem até jatinho particular.

- Rico é difícil de morrer...

- Você imagina que ele foi despedido do emprego depois de 30 anos de trabalho?

- Televisão é assim mesmo; quando não dá Ibope eles põem o cara no olho da rua.

- Deixou mulher e 3 filhos. Coitados; como vai ser agora sem o Passarinho?

- Esse meio de televisão é um troca-troca de mulher. Muita facilidade...

- Uma vez ele me pediu que se lhe acontecesse algo que eu ajudasse a mulher dele a criar os filhos. Como é que eu vou fazer, se nem para mim e para os meus filhos o meu salário dá direito?

- Pede ajuda pro Silvio Santos.

- O sonho dele era ter um ranchinho lá pras bandas de Goiás.

- Devia esconder tudo do imposto de renda. Todo mundo sabe que ele tem uma bruta fazenda lá em Mato Grosso.

- Imagine tinha acabado de comprar um carrinho que ele vinha sonhando há anos.

- Conversa!Tem até jatinho particular.

- Morreu como o próprio nome: como um passarinho

- Prá morrer precisa tá vivo. Malandro tem que morrer atirando.Azar dele... Antes ele do que eu.

- Puxa, você não tem coração!

- Morreu, e daí? Quem mandou ser rico?

 
 

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