Guardando
o defunto, as velas tremeluziam e a chuva torrencial ajudava no clima
funesto. Morto pela cachaça, os homens da família bebendo
o corpo com cana pura, tradição passada de velório
para velório.
Ninguém notaria uma sombra que se ria em gotas, quase gargalhando,
num espasmo de dor muda. Uma sombra que o conhecia bem, quando ninguém
esperaria que conhecesse. Um vulto de mulher, um corte de curvas que tantas
vezes se embriagara do seu copo, do seu corpo. Morto agora.
A viúva franzina e sem-graça parecia tão conformada.
Só a sombra no canto doía, tresloucada, pela perda.
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