FORMAS
(2ª parte) |
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Magno
nunca mais foi o mesmo depois do falecimento de Maria das Dores. Todavia,
ultimamente anda mais disposto. A novíssima empregada, Liliana,
é espanhola e unilíngue, mas entende bem o português.
Mora na aldeia, tem vinte e cinco anos, cabelos castanho-claros, lábios
carnudos, 1.78, sobrancelhas superfinas e desgosta de todo mundo, talvez
não goste nem de si mesma. De tardezinha, após o serviço,
antes de partir, senta-se em uma poltrona confortável e ora um
terço. Hoje é dia dos mistérios gososos. Liliana
imagina Maria chegando alegre à casa de Isabel. Ultrassonografia,
ventres iluminados. A empregada pára nesse mistério, está
cansada. Talvez mais tarde continue, medite sobre a manjedoura, na praia,
sob todas aquelas estrelas! Liliana levanta-se, vai à cozinha,
tira o guardanapo de sobre o copo, prende a respiração e
ingeri o líquido espesso com dificuldade. Que ápoto! Põe
o copo de volta à pia, dá uma olhada em toda cozinha e saí.
Esse bálsamo que Liliana toma todos os dias para os nervos mais
parece um eflúvio de tão ruim o gosto. Arghhhh... O mar.
Mar agitado e assaltos noturnos. É preciso partir antes que escureça.
O senhor Magno parece um assaltante, pensa Liliana, em segundos. E eu,
uma amaldiçoada, completa para si mesma. O senhor Magno voltará
antes da meia-noite. Liliana tranca tudo, dá um tchau a Tubarão,
um são bernardo velhusco, e saí correndo pela praia deserta,
deserta. Pôr-de-sol mel. O chão de areia molhada é
espelho. O corpo de Liliana vai se tornando cada vez mais diminuto para
Tubarão, que parece estar impaciente. |
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A
linda Sandrinha bo i ca lua e nua e scarlat a lua lua as íris outras luas ficam suspensas vão vão subindo oh o oh o oh ooo oh oo oh oooo oh ooo oh ooooo oh o oh ooo oh o oh oo oh oh ooo |
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Magno
acende um cigarro e lembra de Das Dores, que mulher esquisita. Bling-blong.
A campânula, meus deuses! Magno levanta-se e abre a porta com violência.
Tubarão entra correndo com as hastes de algumas flores entre os dentes.
Rosas azuis. Japonesas. Há um bilhete no chão do terracinho
dizendo Magno, te amo. O telefona toca. Má notícia. Liliana está morta. Putz, outra empregada morta! Maldição! Se bem que havia nelas alguma coisa imunda, elas eram meio porquinhas, vai. Magno ergue as sobrancelhas. No horizonte alguns navios. Ele observa um pouco a sala e sai, despindo-se a caminho do mar, a caminho das ondas... |
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