PARA SER FELIZ
Elaine Brunialti
 
 

A tarde era fria e o sol brilhava iluminando a paisagem primaveril.

Na pequena estrada sinuosa a moto corria em alta velocidade, levando-os à terra prometida.

Enfim a vida dava-lhes uma chance, ou melhor dizer: enfim, eles se davam uma chance.

Afinal, tantos foram os anos de espera.

Anos de encontros e desencontros, de brigas e de pazes, de idas e vindas, de amores e ódios, acusações e perdões.

Mas enfim a vitória, conseguiram superar a tudo e a todos. Porém o mais importante, superar a eles próprios.

Agora estavam ali em correndo ao encontro da tão sonhada liberdade. E tudo foi perfeito.

Ele não tardou a aparecer, não muito distante e em sentido o oposto, o velho caminhão de água que abastecia o povoado.

Mais velocidade, capacetes jogados ao longe, um abraço apertado para estarem bem próximos, mais velocidade, em poucos segundos a liberdade de estarem juntos para sempre.

Foram segundos e tudo aconteceu, o caminhão, a moto, corpos rolando, tudo esmagado, tudo destruído, como esperado, como previsto.

Agora, certamente, estariam sorrindo e zombando de todos os que pudessem julgar que aquela fatalidade era sim um castigo divino em nome da moral.

Tudo seria perfeito, se não fosse o fato de que seu relógio despertaria dentro em pouco, trazendo-a de volta à sua sempre morna e previsível vida e desta vez para sempre. Já que não muito longe dali uma moto acelerava levando para sempre aquela que foi sua única e verdadeira paixão.

 
 

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